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muitas vezes me pego pensando que o futuro é que determina o passado e não o contrário. afinal o futuro de toda repetição é ser presente quando acontece. traços na calçada, nos pássaros, no fogo, o corpo todo marcado como uma escavadeira vai se gastando pelo tempo do que atravessa.
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mais que afeto, eu sentia devoção por essa professora que me mostrou que os sons, ou que os traços podiam juntar com outros traços que transmitiam as coisas que as pessoas diziam umas pras outras e lembro da minha satisfação de sentir o giz nos meus dedos grafando na cartolina. depois ficava com aflição do pó de giz.
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é curioso conseguir encontrar exatamente na minha mente onde mora essa sensação de lembrar que aos meus 4 anos de idade poucas coisas me deixavam mais seguro do que a professora que me alfabetizou & ter a memória totalmente visual de ler na folha escrito por mim — essa sensação mora no meu tórax, como um colete leve apoiado bem no meio do esterno, pegando os ombros e sutilmente a nuca, esta região do respirar. deve ser por isso que escrever sempre teve a ver, pra mim, com alongamento.
Tudo que existe precisa se alongar para não cair no esquecimento.