O tema autismo e amizade é complexo na medida que diz muito da sensibilidade com o próximo. Quando se fala em autismo já vem aquela ideia fixada na tecitura da sociedade o caladoFmet ( isolado). Entretanto, não é bem assim; é preciso ter em mente que nenhum autista é igual a outro, e que, boa parte deles consegue ter uma vida social saudável e com boas e fortes relações. Mas, muito embora isso possa acontecer com mais frequência do que as pessoas imaginam, também é verdade que muitos autistas enfrentem mais dificuldade de estabelecer e nutrir relações de afeto, intimidade e amizade.
Tenho um amigo, irmão de coração , autista. Nossa relação foi construída com muito amor desde o final do curso de Filosofia. A maneira como ele veio me procurar foi muito peculiar. Digamos que nunca fui um bom exemplo de aluno. Chegava atrasado e geralmente não comprava os textos pra aula. Ou seja, despojado. Mas tinha um colega que sempre olhava pra mim. O que me chamava atenção. Num dado momento, ele pegou meu número. Tinha questionamentos e dúvidas. Rapaz Esperto. Toda aula de ontologia me ligava pra conversar sobre autores. Até que um dia o próprio me diz: amigo, sou autista.
Foi dele a seguinte explicação: "amigo, quando o autista não tem amigos, é muito triste. Pelo menos no meu caso.Ou ele não tem interesse nas interações sociais, ou ele tem o interesse, mas daí sente dificuldade para fazer. Acho que, muitas vezes, a própria dificuldade em se relacionar pode levar ao desinteresse. É uma dinâmica de complementações".
E sabe onde o meu irmãzinho tá agora?! Prestou concurso para professor. Passou. Tem uma linda família. Fera em jiu jitsu, grande paizão.
Felipe, te amo , cara. Obrigado por ter entrado na minha vida.
