domingo, 7 de janeiro de 2024

exercer algum controle sobre como e o que você pensa.


Bem provável que todas as experiências pelas quais vocês  passaram tiveram, sempre, um ponto central absoluto: vocês mesmos. O mundo que se apresenta para ser experimentado está diante de geral, ou atrás, à esquerda ou à direita, no seu celular tevê, no seu livro, nas suas músicas ou onde for. Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. E vai saber como funciona esse apetrecho existencial. Tá, daí alguém diz : ala, vem o virtuoso. Essa não é uma questão de virtude – trata-se de optar por tentar alterar minha configuração padrão original, impressa nos meus circuitos. Dentro do meu organismo. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e truculento que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser.

Estou certo de que vocês já perceberam o quanto é difícil permanecer de boas e atento, em vez de hipnotizado pelo constante monólogo que travamos em nossas cabeças. Eu, pelo menos, só depois que passo por um desafio ( cantar, tocar um instrumento , recitar um poema, trocar soco com inimigos imaginários) vim a entender que o velho clichê de “ensinar os outros como pensar” é, na verdade, uma simplificação de uma ideia bem mais profunda e séria: aprender a pensar na verdade significa aprender a exercer algum controle sobre como e o que você pensa. Significa estar consciente e atento o suficiente para escolher ao que você presta atenção e para escolher como você constrói significado a partir da experiência. Porque se vocês não puderem fazer esse tipo de escolha na vida adulta, estarão meditando como papa -léguas caindo de um penhasco numa tarde de yoga. É isso, boa semana e evitem o papa-léguas; mas pratiquem yoga. 
Licença Creative Commons
Claudio Castoriadis- O conteúdo deste site está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3,0 ..