sábado, 31 de agosto de 2013

O boom da literatura latino-americana




Acho meio improvável falar da trajetória da produção literária Latino Americana se deixarmos de fora um marco que foi um estouro - no amplo sentido da palavra - para seu florescimento contemporâneo: O denominado “boom”. Uma palavra exótica com sentido, caliente, por descrever um fenômeno de efervescência artística, momento que o Brasil desperta de forma mais efetiva para a troca literária com seus vizinhos, tentativa que fora esboçada no início do século XX com os simbolistas e nossos primeiros modernistas.

Apenas lembrando, O boom da literatura latino-americana aconteceu nos anos 60 do século passado, momento em que surgiu – estourou – a narrativa de nomes como o argentino Júlio Cortázar (1914-1984) e o colombiano Gabriel García Márquez (1928-). Para muitos intelectuais, o boom não foi apenas um fenômeno comercial, mas também a oportunidade de apoiar decididamente as revoluções e os projetos socialistas na América Latina. Nesse período, foram produzidos vários livros de alto valor literário que ganharam projeção internacional.

Para Vargas Llosa, os anos sessenta foram de reconhecimento da América Latina, pois o continente passou a figurar no centro da atualidade graças à Revolução Cubana, às guerrilhas e aos mitos que elas puseram em circulação.

O escritor cubano Roberto Fernández Retamar (1969:41) afirmou certa vez que o boom da literatura latino-americana ─ cujos beneficiados nem sempre pareciam conscientes disso ─ era uma consequência direta da ―Revolução de Fidel Castro e Che Guevara‖. Para Cortázar, que tinha uma visão particular sobre o boom, esse fenômeno não foi feito pelos editores, o fizeram os leitores e isso para ele ―foi um feito revolucionário na América Latina‖. Essa foi a primeira e formidável tomada de consciência coletiva em todo o continente sobre a existência de si mesmo no plano intelectual e literário.

Pulando um pouco alguns acontecimentos que se seguiram chegamos nos anos 70, onde a produção literária da América Latina ganhou seu espaço no amplo cenário mundial.

Nessa época Gabriel Garcia Márquez com seu Cem anos de solidão iluminou com toda sua elegância nosso continente dando visibilidade a uma literatura, ao mesmo tempo singular,  e inovadora, que encontrara nos anos 60 seu formato.

De qualquer forma chegavam, enfim, às livrarias de todo o mundo – e às brasileiras – escritores já consagrados em seus países, alguns exilados. Assim, projetam-se os cubanos Alejo Carpentier, teórico do real-maravilhoso, Lezama Lima, mestre do Barroco, cultores do fantástico e do absurdo que trilharam o caminho aberto por Jorge Luiz Borges e Julio Cortazar. Carlos Fuentes, tendo a cidade do México como grande protagonista, influencia o pensamento político.

Resumindo, o boom legitima criadores que há muito já não deviam precisar disso, como Guimarães Rosa e Otávio Paz já tinham comprovado.

No entanto, a América-Latina, ainda vivia os anos de chumbo das ditaduras militares, a falta da liberdade democrática, a censura, as perseguições dificultavam o debate.

Em meio a perseguições e censuras chegamos nos anos 90, onde foi restaurado o regime democrático - pelo menos na teoria - e normalizadas algumas condições de criação cultural, tem início o balanço crítico que acontece ao mesmo tempo em que se cumpre o que foi chamado de luto pós-ditatorial. Surge então a “Literatura pós-Ditadura”. Os grandes mestres do boom vão desaparecendo, com os limites da vida retirando do campo cultural grandes criadores. A realidade latino-americana vai se modificando- continuando descontinuando?- inserida num mundo que caminha a passos largos e desiguais para a globalização. 


Bibliografia: 

VARGAS LLOSA, Mario. Diccionario del amante de América Latina. Barcelona: Paidós, 2006.

RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir. Una escritura revolucionária. Revista Iberoamericana, v. 37, n° 76-77, julio-diciembre, 1971

Imagem: fonte via web 


Por Claudio Castoriadis


Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Comunidade: hoje ainda é ontem!!



Comunidade, palavra que transborda feito doce na boca dos intelectuais e dos pseudointelectuais. Se barateamos a discussão sobre os termos é bem possível uma aproximação valorativa dos dois tipos. É `gostoso falar em comunidade por várias, variáveis sensações: variedade de propósitos e objetivos, mas como uma noção de consolo, conforto, segurança adentramos em “alguma qualquer coisa”, uma ficção. “Pessoas unidas jamais serão vencidas” muitos acreditam, ou pensam que acreditam nessa máxima, porque a irmandade humana deve continuar, existir, mesmo se afastando da sua essência ou realidade. Não demora muito, por questão de sobrevivência criamos a família nuclear, a religião, a nacionalidade, o trabalho, a escola, a propriedade – coisas que deveriam libertar. Deveriam? Sim, na teoria, uma vez que na prática o autenticamente social pode coexistir com a domesticação. 


 Comunidade

Silêncio, ausência, brevidade
Espaço, lento, personalidade
Meia- idade média
Antiguidade

Hoje ainda é ontem



Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Obama hesita, por enquanto, sobre ação na Síria



Alguns motivos

    A Síria não está só. Foi isso que Feltman (Jeffrey) e Qabus (Sultan de Omã) ouviram em Teerã.
   
O Mediterrâneo não é um lago americano ou da OTAN. Foi isso que o comandante da frota russa informou o General Dimpsey.
 
  O Hezbollah também já definiu os traçados de seus mísseis que vão de Dimona até Tel Aviv.
   
Há grupos adormecidos espalhados pelo Canal de Suez para eventuais operações contra a Frota Americana.
   
O Golfo Pérsico é o campo de batalha. As bases americanas, britânicas e francesas serão miras de mísseis, torpedos e bombardeio dos Iranianos.
   
Há meio milhão de Guardas Revolucionários do Irã que possam cruzar o Iraque em direção à Síria.
  
 A Rússia já instalou sua ponte marítima para compensar qualquer perda de material e munição da Síria há mais de um ano. Difícil alguém querer interromper isso.
   
A observação militar marítima à Síria é dada pela Rússia e a aérea pelo Irã e o Hezbollah no Líbano.
 
  As salas de inteligência e espionagem assim como a decodificações de transmissões e comando dos drones já estão a tempo à serviço dos sírios.

    O Petróleo depende do Estreito de Ormuz e Israel está sob o fogo dos mísseis.


Fonte:  Nasser Qandil
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Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Imagem falada


da falsidade que tanto foi necessária
 quando tudo era suspeita, afinidade
Imagem necessária
 
correlato

evidência, banalidade

um sentimento?
 
onde tudo muda em um segundo 
aquilo que basta um minuto   
eternidade 
  
casa de madeira, pessoa de barro
peixe  materializado, aquário imaginário
silêncio, ausência, brevidade 
o tempo não tem idade



Por Claudio Castoriadis 
Imagem by: Ara Soudjian
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A classe média manda um recado: cuidado onde pisa!




Da falsidade que tanto foi necessária
Quando tudo era suspeita, afinidade
Imagem falada

Seja no contexto histórico, bem dizendo a tradição, ou não, desde muito – pouco? -  ando desapontado com essa ambição que despontou desde que os gregos inventaram a tal philosophia. Se filosofar é preciso? Disso não discordo. Porém, como as pessoas estão filosofando nesse exato momento, precisamente agora mesmo, sua condição na sociedade? Sei não, lógica estranha onde tudo muda em um segundo aquilo que basta um minuto para a eternidade despencar uma chuva de canivete.

Correlato
Evidência, banalidade
Um sentimento?

Palavra vai, outras não vem, e algumas nem são ditas.  De qualquer forma, os anos passam,  invade-nos, retocando um detalhe aqui e outro lá em nosso meio social. A mudança não é pouca, bem mais, é demais, ademais?  Pouco importa, ainda que essa nossa busca – falar algo bem bolado sobre nosso momento histórico- se revele pessoal, sem crédito e desprezo, inconsciente, do inconsciente.

Enfim, o fim. Eles estão gritando, nada está sendo dito além de gestos que florescem e se concluem por si mesmos: cuidado onde pisa!!



Por Claudio Castoriadis
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