domingo, 6 de março de 2011

O Ser o tempo e o nada.

Depois do último cigarro, minha boca agora se torna abismo. É difícil pensar com uma arma na cabeça.  Em um banheiro sujo, observando demônios tocando cada fio do meu cabelo, nossas escolhas são mentiras, tudo uma cópia de outra cópia. E toda nossa vida é um filme em preto e branco. Minhas palavras não fazem sentido? E sua vida? O que devo falar? De cada passo, cada momento, cada respiração, cada desejo? Faz algum sentido? Desde quando fantasmas tomam posse de sua existência?

Você não sabe o que é morrer enquanto dorme. Poucas pessoas sangram de verdade; sinto o seu silêncio nas palavras que difama meu orgulho. Meu corpo dança como farrapos flamejantes inquietos ao vento. Te odeio, tudo em você fede, suas asas estão sujas; onde foram parar as amarras da sua boca? Eu quero um tempo, eu quero uma casa, quero um copo com água, quero um mundo onde você não exista. Eu desejo você em outro lugar.

 Gostaria que você pudesse me ver agora, sentir o que transborda em mim, definhar como uma borboleta em uma fogueira sagrada. Agora o sol brilha em meu rosto, um lugar para poucos, sou um ímpio nas entranhas do imperscrutável. . Uma estrela dançante abraça meu corpo, carros, pessoas, objetos não podem me ferir. Lamento, nosso jardim foi destruído, todas as flores foram queimadas, uma por uma. É incrível, não existe luz nem escuridão. Ainda tenho medo do seu rosto, das suas palavras, do seu silêncio enfastiado . Uma formiga mergulha em um rio de café, um cigarro queima entre meus dedos, uma ave sobrevoa um abismo, e eu, apenas, existo. Um animal busca sombra, um acidente em outra esquina, e o seu rosto encostado no meu é uma grande doença. Um belo erro, um momento, um segundo, um instante, uma eternidade, uma ideia, tudo em seus olhos, olhe para o horizonte alguém reclama sua vida. Olhe para mim, enquanto meu corpo desliza em sua existência. Sou um mentiroso, um ladrão, uma tragédia. Eu sou “ridículo”. O cigarro acabou, a noite chegou, é hora de voltar para casa.


Claudio castoriadis ( novinho)
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