quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Philip K Dick: Teogonia escatológica


Philip K. Dick é conhecido como um outsider de enorme talento no campo da ficção científica. Sua originalidade é sublinhada, entre outras coisas, pela maneira como renovou a panóplia de personagens e enredos da ficção científica clássica. Na modalidade tradicional do gênero, romances, contos e novelas são povoados por naves espaciais, seres extraterrestres, robôs, colônias de outros planetas, cenários pós-apocalípticos etc.

Esses ingredientes são dispensados ou subutilizados por Dick, em favor de uma pergunta crucial: o que é o genuíno cerne da condição humana? O assunto, obviamente, não é novo na literatura, na psicologia ou na filosofia. A novidade de Dick é a lucidez quase insana com que explora a interrogação.

Pode-se considerar Philip Dick como o maior precursor da cultura cyberpunk, cujo maior expoente literário é o livro Neuromancer, de William Gibson na literatura de ficção científica, e que por sua vez inspirou o maior expoente cyberpunk no cinema: o filme Matrix. Na música, temos vários grupos que combinam música eletrônica, rock e roupas de couro, que tendem ao underground. 

Philip Dick é mais conhecido do grande público pelas adaptações cinematográficas de suas obras: Blade Runner ― o caçador de androides, Vingador do Futuro, Minority Report ― a Nova Lei, etc. 

Blade Runner, em seu torpor afetivo-existencial entre humano e replicante, típica paranoia philipdickeana, continua sendo o mais esplendoroso exemplo de um novo cinema que articula elementos de um “filme de ação” ou blockbuster e um filme autoral, mais “artístico”.

Licença Creative Commons
Claudio Castoriadis- O conteúdo deste site está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3,0 ..