Será que eu parei, naquele tempo? Suspenso, sem cor, objeto se decompondo pelos cantos, amparado pela palavra, o silêncio? Por certo a vida afetou meus glóbulos oculares, nervos óticos e boa parte de qualquer alçapão da memória.
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Como chegamos até aqui no centro de um furacão ácido e corrosivo de olhares, direções, incertezas, valores, costumes, realidades invertidas, conflitos de interesses. E o sentido onde se escondeu? Cego para o mundo, não tenho respostas para tantas perguntas. A mim me preocupa saber como manter a fé para outras sensações.
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É triste não encontrar o caminho de volta, para o sentido. Destarte sinto semelhante desejo nas pessoas como nota cômica cantando seus sentimentos, no fundo, talvez na superfície, todos querem um sentido. Com a ressalva, nem sempre consigo entendê-los; me conforta saber da minha consciência- consciência da vida, consciência do mundo- penso, demoro, logo vejo uma sombra- cada corpo com sua sombra - abismos detalhados estampados em rostos. Esconsos e masmorras, vejo tanta gente se escondendo em palavras regando cada letra até vingar um palavrão, criatura ainda em formação. Por vezes implicitamente, tudo, tragicamente tudo ( O bastante que me pertence) é meu e conservo como um segredo, um pouco do imenso pedaço que rasguei da realidade como uma carta que não deveria ser lida. Quando falo, penso, respiro, interminavelmente o futuro permanece indeterminado
Por Claudio Castoriadis
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Tempo
Tempo
Longa metragem
Vida, sem edição no formato:
Aos vivos, em cores, online.
Por Claudio Castoriadis