Quando eu tento identificar as
intenções das pessoas que me motivaram no processo de pensar e formular ideias
sobre o mundo, por segurança, não por desamparo, mantenho uma certa distância
do “tempo liquido” que julgo descabível para um bom senso. Quando deixo um
lugar não apenas visto algo, algo me veste: o material comum na presença das
pessoas.
As imagens, embora selvagens,
a densidade proseada na atmosfera, tudo isso já faz parte das especulações
cotidianas ( Derivados Cambiais). Uma lembrança é formatada quando uma página é virada. Ainda em
tempo, “na natureza nada se perde”, tudo é arquivado.
Mais uma vez, alguém encontrou
um sorriso, que não estava lá, antes de ontem. Disfarço, por saber que ele vai
gritar ecoando no vazio da geladeira transbordando a casa inteira gostosuras e
travessuras.
Durante o curso da madrugada,
eu tento dar a estes termos abstractos, ideias concretas aproveitando cada
fagulha de pensamento, mantendo na minha cabeça que estou a construir algo que
irá fazer sentido. Desvelamento, parte de um circundante, que será abusado, negado e legado,
abandonado, e até detestado – enfim, que irá ser respirado.
Por Claudio Castoriadis
Imagem: fonte web