Falar
sobre política é importante entre os jovens? Essa pergunta é de suma
importância para aqueles que ainda têm a sensibilidade crítica de que as
coisas ainda podem melhorar. É preciso desconstruir essa ideia trivial
que a moçada teima em cultivar na cabeça de que política é um papo
careta- uma coisa hermética desprovida de prazer. Ainda mais quando
levamos em conta que a juventude é o alvo principal das grandes
indústrias e das ideias absurdas dos grandes líderes covardes que se
encontram no poder. Lancemos mão de todos os métodos possíveis que
possam esclarecer nossa juventude. Por ser educador e filósofo continuo a
sentir de forma premente a necessidade de ver a moçada discutindo não
só em casa, mas, por cada canto da cidade, como se fosse música, poesia,
a importância da política. Uma grande ambição, não? Creio que sim. Mas o
que deve ser feito? Encontrar fórmulas é complicado. Porém, um caminho
que enxergo nesse contexto delicado é tentar mostrar que falar sobre
política pode ser tão divertido e instigante como um bom Rock. Tão
libertador e vivificante como uma bela música. Que fique bem claro, não
estou clamando aqui que todos devem ler o Capital do filósofo Marx. O
que peço é que questões sociais, do tipo reivindicação dos nossos
direitos e a importância do voto sejam sempre uma constante no cotidiano
da moçada, nas suas músicas, livros e conversas familiares. Somente
assim, paulatinamente poderemos desconstruir essa imagem boba que
discutir política é para caretas. Afinal, emerge na atualidade a ideia
de co-responsabilidade como um novo paradigma para nortear nossa conduta
em prol de uma finalidade social : Liberdade. Existir não é fácil, não basta ser, temos que tomar conta da nossa existência, fazer a deferença no todo. A liberdade é o bem mais caro da espécie humana, é o fundamento da ética, o fio condutor em qualquer debate político. As coisas estão difíceis? O mar não está para peixe? Isso é indubitável. Mas o que não pode acontecer é ficarmos de braços cruzados, inflamados com frases de efeitos do tipo: lutar pra quer? Se tudo está perdido, se não vale a pena. Não é assim- Esse não é o caminho. Sempre que alguém me vem com essas amarguras de imediato penso nas palavras do filósofo Sartre quando o mesmo alertava que o argumento decisivo empregado pelo senso comum contra a liberdade consiste em lembrar-nos de nossa
impotência- Isso é fato. Aqueles que estão no poder, deturpando o que
seria realmente uma política democrática usam toda sua retórica para nos
derrubar e deixar nossa gente no lugar mais pérfido possível: a
ignorância. O templo dos fracos por assim dizer. É essa a estratégia mais sutil e desumana do senso comum. Ora, se nos encontramos longe de podermos modificar nossa situação ao nosso bel prazer, parece que não podemos modificar-nos a nós mesmos. “Conversa fiada”, “papo burguês”, “argumento de gente fracassada” É nossa liberdade, nosso bem mais precioso, que constitui os limites que irá encontrar depois. Fico feliz em saber que essa estratégia nunca abalou os adeptos da liberdade humana. Sócrates, Jesus, Platão, Che, Sartre, Marx, Marcuse, Proudhon, Ernest Bloch, Gramsci, entre tantos outros que foram fieis na luta pela emancipação humana. Pois é moçada, não se deixe entregar, pense grande, pense livre, afinal como diria o poeta Renato Russo: Quem pensa por si mesmo é livre e “ser” livre é coisa muito séria. Não acredite em tudo que te mostra a TV, nunca aceite uma verdade pronta, ouça as pessoas certas, escolha a dedo os melhores livros. Se for gritar seus direitos, que não seja em “becos escuros” nem para “surdos”, que seja na luz em alto tom para que o mundo saiba que você não é apenas mais um. Seja diferente, aquele que estima um debate político é um adepto da liberdade. Força, coragem e sejam sempre honestos. Estamos todos no mesmo barco.
Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >