O Filósofo Castoriadis nasceu em Atenas, em 1922, onde cursou Direito, Economia e Filosofia. Pensador que levou a sério a prática intelectual, cedo se engajou em um marxismo militante que o levou a critica a política do PC grego e a integrar-se nas fileiras do trotskismo. Em 1945, transferiu-se para a França e fundou, quatro anos mais tarde, com Claude Lefort, a revista Socialismo ou Barbárie, que dirigiu até a dissolução em 1966. A revista reunia estudiosos e militantes e possuía inicialmente inspiração marxista. Porém, tal influência é deixada de lado quando a revista passou a tomar uma postura mais autônoma. Frente ao contexto social e politico o marxismo passou a ser mal quisto pela revista, visto que o mesmo era incapaz de fazer face a face, de maneira sofisticada, à novidade e originalidade dos fenômenos contemporâneos. Ainda assim, a inspiração revolucionária será constante, particularmente na obra de Castoriadis, sendo visível um alargamento considerável em tal inspiração. Crítico do marxismo? Isso é indubitável. Porém, sem deixar de buscar os mesmos ideais. Audacioso, seu pensamento pautado no horizonte de temas aparentemente afastados um do outro, como por exemplo, a psicanálise, a linguagem, a ciência e a economia toma para si os riscos em aventura-se nos labirintos do conhecimento. Cornelius Castoriadis é sem dúvidas, um dos pensadores contemporâneos mais vigorosos. Esclarecedor e provocante suas ideias sobre temas tão intrigantes para nosso contexto político lhe garante o mérito de trazer a luz o importante papel da filosofia na prática cotidiana.
Para os leitores que pretendem adentrar no universo dinâmico do pensamento de Castoriadis uma obra que faz uma sucinta apresentação da complexidade das suas teses é certamente as encruzilhadas do labirinto. Um livro que chama atenção pela versatilidade do autor em lidar com vários temas e projetar os leitores em várias esferas teóricas de modo irreverente e intrigante, porem, de modo eficaz. Uma obra que visa, antes de qualquer coisa, a renovação da reflexão filosófica. Sendo seu maior intento preencher as possíveis lacunas do pensamento ocidental. Vale lembrar, que a leitura é rigorosa e precisa, dispensando um leitor leigo no que se infere aos grandes problemas que o mesmo pretende resolver. O título da obra já é sugestivo, temos que caminhar por arriscadas encruzilhadas terminológicas e persistir de forma coerente por um imenso labirinto imaginário. Alegoria que exprime bem o percurso de um pensamento que tenta estrategicamente pensar o dado das manifestações, nas suas mais audaciosas ocorrências, no seu desenvolvimento. Tudo fruto de um imaginário histórico social determinado.
Por Claudio Castoriadis