sábado, 12 de março de 2011

A solidão em meu deserto

Certa vez o poeta e músico Renato Russo disse em uma de suas músicas que o infinito é um dos deuses mais lindos. Nessa frase, encontro algo de errante e alegre em quase todo aquele que faz de sua existência uma obra de arte. Existir não é fácil, viver será sempre a busca pelo sagrado da vida. Para tanto, nada mais sensato que pensar o deserto como pano de fundo para aqueles que sentem cada fagulha do infinito. Equilíbrio é puro anelo dos solitários. Cada um com sua maneira sonha em alguma medida a liberdade da razão. Trabalha com a alegria de um convalescente, organiza seu caos. Dito de outro modo, o finito desde sempre desejou o infinito. Mas, o infinito é um abismo, um deserto sem heróis, sem sentido estético. O corpo de um solitário definha como escultura nas geleiras. Mas quem disse que um solitário não segue em frente? Não sonha? Não é algo? Solidão não remete necessariamente em vergonha muito menos em infelicidade. Escalando cada vez mais alto no deserto não se rasteja. Caminha abençoado pelo amanhã que nele repousa, sua sensibilidade aflora por ter um percurso próprio longe do portão da cidade. Distante de tudo que muitos adoram como sendo uma realidade. No deserto do solitário ele é príncipe, suas lágrimas alimentam suas flores e sua fome é infinita. Por tal motivo ele se eleva sempre alto e do monte sua luz queima feito uma estrela, seu corpo dança ao som do sagrado e, sua vaidade é estupidez para os fracos. Na solidão tudo pode ser esquecido menos sua existência e quando se vai além, quando chegamos ao outro lado com júbilo: "A liberdade foi alcançada".



Por Claudio Castoriadis
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