Tranparente a vivacidade do encanto,
Inconstante leviandade sempre te precede
Amável melancolia
Doçura que aflora
E rasteja sobre meu desprezo.
Até onde for teu reino contentemo-nos com seu
Perfume, fiel companhia e cansaço de quem
Ainda te respira
Luz e ausência, uma casa em chamas
Nobre fraqueza, abrigo dos rejeitados.
Estranho, do outro lado onde eu não me encontro
Descansa meu pensamento.
E nos meus braços ainda perfumado
Pelo teu corpo, agora ausente,
Um outro corpo encontra alívio penoso e apático.
Meu espírito nunca fora de negar afago, tão evidente
Sutilmente claro.
Sofro, não pelo instante, este divinamente uma fraude
Síntese do meu pensamento.
Sofro, em meio a delírios, loucura que deita, rasteja, deseja
Porém, desprovido de qualquer maldade.
Sofro, não pelo desprezo alheio que me rodeia, me sufoca
Me petrifica descansando à sombra da minha benevolência.
Sofro pelo agora, pela minha existência, o instante das horas
Desprezíveis, amáveis mediante a entediante leveza do ser.
Solidão, uma casa em chamas, uma cama de espinhos,
Uma queda livre, espelhos quebrados
Um abismo no nada, uma madrugada
Inteira, uma vida pela metade.
Por Claudio Castoriadis ( novinho)