sexta-feira, 25 de outubro de 2024

A insustentável busca pela leveza



.          Cartaz do filme a substância 

Lipovetsky defende que "o leve" invadiu nossa rotina e transformou nosso imaginário, tornando-se um valor e um ideal.

Na sociedade hipemoderna  o virtual, os dispositivos móveis, os nanomateriais estão mudando nosso cotidiano. Por todos os lados, a ordem é conectar, miniaturizar, desmaterializar.

Na contramão dessa tendência, contudo, ele defende que a vida parece cada vez mais pesada e difícil de suportar; ironicamente, diz ele, seria essa leveza que alimenta a sensação de peso.

Os imperativos de uma vida mais leve – dietas, desintoxicações, desaceleração, alívio do estresse, meditação e outras práticas – vêm acompanhados por demandas exigentes.

Vemos o mundo através de imagens. Até aqui, não há nada de novo. O que mudou foi que as marcas compreenderam esta lógica e passaram a integrar diversas ferramentas para transformar o comportamento dos consumidores. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Outros personagens com o mesmo rosto

Com enredos insólitos que misturam fantasia, ficção científica e surrealismo, o roteirista logo se destacou por conseguir imprimir uma assinatura que o diferenciava de seus pares. Alguns dos elementos que compõem tais enredos são: um portal que leva pessoas para dentro da mente do ator John Malkovich (Quero ser John Malkovich); uma mulher com o corpo coberto de pelos que vive na selva (Natureza quase humana, 2001); um roteirista que escreve o roteiro do filme ao qual estamos assistindo (Adaptação); um casal que apaga um ao outro de sua memória (Brilho eterno de uma mente sem lembranças); um dramaturgo que cria vários simulacros de sua vida em um galpão (Sinédoque, Nova York, 2008); um homem que, em um filme de animação, enxerga a todos os outros personagens com o mesmo rosto (Anomalisa, 2015); e uma mulher que visita a casa dos pais de seu namorado onde os mesmos parecem envelhecer e rejuvenescer comportando-se de forma peculiar (Estou pensando em acabar com tudo, 2020). Também em 2020, Kaufman colocou esses mesmos elementos em seu primeiro romance, Antkind, cujo protagonista, após ter contato com um filme com três meses de duração, perde a memória e faz de tudo para se lembrar do mesmo filme.

Esse tipo de enredo costuma agradar a apenas um nicho de adeptos, consumidores fiéis de determinado gênero cinematográfico, porém Kaufman conseguiu transcender essa condição. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

uma nave estacionada no telhado pode confiar


literatura pode envolver bastante indefinição. Nem sempre tudo é organizado em resumos completamente definidos, considerando que eventualmente há divergências sobre qual foi a primeira obra de um gênero literário ou qual é a sua definição.

Na ficção científica o paranauê não é diferente. Esse gênero vem se tornando muito popular e conquistando cada vez mais leitores ao longo dos anos, e não só entre pessoas que se interessam por ciências. Definir exatamente onde foi seu início não é simples. Existem algumas obras muito antigas que já trazem alguns elementos que encontramos nas publicações atuais de ficção científica, como, por exemplo, viagens no tempo, seres alienígenas, destopia, entre outros. No entanto, esses fenômenos estavam ligados, geralmente, a alguma forma de magia, e não à ciência, por isso não se encaixavam perfeitamente no gênero ficção científica. 

O romance que aparece quase sempre entre os marcos iniciais da ficção científica é Frankenstein, de Mary Shelley (1797-1851), publicado em 1818. obra, que se enquadra também no gênero terror.

Depois de Shelley, temos Júlio Verne (1828-1905), com suas várias obras que exploram a temática do fantástico, a partir do científico, de uma forma fascinante. Alguns críticos literários o consideram o inventor do gênero ficção científica. Viagem ao Centro da Terra e Vinte Mil Léguas Submarinas nos mostram a capacidade de Verne de escrever sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, as máquinas voadoras e a viagem à Lua, antes de tudo isso ser real. 

Foi no século XX, a partir de algumas revistas estadunidenses, que a ficção científica ganhou um nome e foi sendo mais bem delineada. A partir daí, surgiram grandes escritores do gênero, como, por exemplo, Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick, Ursula K. Le Guin, David Foster Wallace e muitos outros.

 

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

como deixar uma xícara imóvel


Você tomar café com alguém que, por algum motivo, teve que se ausentar uns instantes da mesa. Me concentro na sua xícara imóvel que ainda está ali, a xícara desse alguém também, permanece imóvel, a cadeira contudo está vazia, é uma pequena experiência de quase morte cotidiana, se ausentar por uns instantes; desaparecer é isso. Uma pequena experiência de quase morte, uma outra espécie de pele. Quando você desaparece, as pessoas continuam falando com você, interagindo com você, escutando suas músicas, lendo seus seus livros, mas você está olhando para um ponto neurótico distante da rua, divagando entre o tempo e espaço, até voltar a si, da sua pequena experiência de quase morte. Piaget diz que um objeto continua a existir, mesmo quando não está visível. Aos 8 meses, por exemplo, a criança começa a buscar objetos que desapareceram de sua vista, indicando uma noção da continuidade da existência desses objetos. Ao contrário dessa tese, você não se interessa pela continuidade e pede a conta.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Valeska Brinkmann

Wenn du müde bist fällt dir nicht ein
wie das Gift heißt das du statt deines Lebens getrunken hast
und ob das Wort Gift noch einmal in einem Gedicht
genannt werden darf wie es ist den Fluss des
Vergessens zu trinken und ob das Zirpen an deiner Lippe
vom Wunsch zu dichten kommt oder vom Zittern
Wenn du müde bist gehst du den Weg den du gehen willst
hinein in das Dicklicht in dem Füchse sitzen bereit
die Köder der Tollwut auszuspeien bereit
auf und davon zu stolzieren oder
mit schaumumflorten Gesichtern
wenn du müde bist es auf dich
abgesehen zu haben auf dich zu warten  
ausgemergelt und hungrig mit ihren
Röntgenaugen bei Nacht
Wenn du müde bist ist es gleich ob sie dich einladen
das Huhn in ihrer Mitte zu fressen oder ob sie dich
anfallen deine Knochen zerknacken das Mahl halten
Wenn du müde bist leckst du nicht mehr das Salz von deinen
Daumenballen und Tränen sind so weit fort wie wirkliche
Flüsse in einem Gedicht über Flüsse das auch nicht nass wird
Wenn du müde bist fragst du dich allen Ernstes
warum ein Gedicht über Rosen nicht duftet
warum es dir nicht Dornen in die Finger krallt
warum nicht falber fingriger Morgen oder
gelber englischer Adel oder dunkelblutige
Kissinger Farbe aus dem Gedicht tropfen
Wenn du müde bist bildest du dir ein
die Poesie könne getrost auch ohne dich
mit oder ohne ein Gedicht von dir
oder nicht ganz bei Trost sein
Wenn du müde bist weißt du überhaupt nicht mehr
ob sie oder du oder die Welt selbst mit oder
ohne ein Gedicht von dir ist
selbst wenn du einschläfst
selbst wenn du fort bist

**

Pulso

Quando você está cansada não lhe ocorre
como se chama o veneno que você bebeu ao invés da própria vida
e se a palavra veneno devia aparecer mais uma vez em um poema
como é beber o Rio do
Esquecimento e se o sibilo no seu lábio
vem de querer escrever poesia ou do tremer
Quando está cansada você segue o caminho que quer
segue para dentro da mata espessa onde raposas estão sentadas prontas
para cuspir as iscas da raiva prontas
para se afastar majestosamente ou
com rostos velados pela espuma
acossar você esperar por você até
quando você se cansar
raquíticas e famintas com seus
olhos de raio-x à noite
Quando você está cansada não importa se lhe convidam
para comer no meio delas o frango ou se
atacam trituram seus ossos fazem a ceia
Quando você está cansada você para de lamber o sal dos
polegares e lágrimas estão tão distantes como
rios de verdade em um poema sobre rios que também não se molha
Quando você está cansada você não pergunta a sério
por que um poema sobre rosas não tem perfume
por que ele não entranha espinhos nos seus dedos
por que não uma manhã desbotada de dedos ou
nobreza inglesa amarelada ou cor de sangue tinto
de Kissinger não respingam do poema
Quando você está cansada você imagina
que a poesia poderia muito bem existir sem você
com ou sem um poema seu
ou ter perdido a razão
Quando você está cansada não sabe mais mesmo
se ela ou você ou o próprio mundo com o
sem um poema seu existe
mesmo que você adormeça
mesmo quando você se for


segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Questão do ENEM com System of a Down.

Filosofia , questão do ENEM com System of a Down. Se cair na prova, não tem erro.  Quando falamos em Heráclito, é quase que instantâneo pensar na ideia do rio e sua dialética . Ele dizia que não se pode banhar-se duas vezes no mesmo rio uma vez que as águas já não serão mais as mesmas e tampouco a pessoa será a mesma. Porém, em um estudo mais detalhado e profundas reflexões é possível afirmar que nem mesmo uma só vez pode-se banhar-se no mesmo rio, pois a água que está tocando a ponta do dedo não é a mesma que toca no calcanhar e o homem que ali está banhando-se não está fixado com um único pensamento durante esse único banho. Aerials é uma reflexão sobre a importância da reflexão filosófica oxigenando nossa consciência para viver uma vida mais plena e conectada com o universo. Sem se prender ao mundo das aparências uma vez que a permanência é ilusória. 

sábado, 27 de julho de 2024

cara estranho: uma reflexão kafkiana.


Eis que Gregor acorda em uma manhã para ir trabalhar, mas acaba percebendo que havia se transformado em um inseto esquisito. Nosso personagem fica preocupado com relação a como ir trabalhar nessa situação, nesse momento o autor conta ao leitor o fato de Gregor ser quem sustenta a família, paga as dívidas do pai, coloca comida em casa, cheio de boletos.  Passada a preocupação inicial com o trabalho, Gregor tem outro problema: a má impressão que ele causa nos seus familiares e a mudança de sua forma em sua família. Ele sai da posição de bom filho para um fardo, talvez essa seja a grande metamorfose de Gregor e daí o nome da obra, não sua mudança física, mas a metamorfose de sua posição dentro da família. No sentido psicológico.

Quem já escutou a música cara estranho do Los hermanos não  deveria ignorar  o fato da dupla mais famosa da indie music brasileira ter compartilhado suas mazelas com analistas, tacando lágrimas sofridas. sobretudo no que tange aos desenvolvimentos freudianos e lacanianos. Como Freud já dizia: os poetas e artistas o precederam na descoberta do inconsciente. como uma escrita hieroglífica, a música cara estranho se mostra confusa e desconexa, cabendo ao analisante amarrar os fios que podem fazer da experiência onírica um relato inteligível (poético).



Dito isso: letra e música é sobre sentimento de não fazer parte. De não ser, não pertença. É nesse ponto que encontramos total influência de Franz Kafka.

Uma das questões do livro é que Gregor não perde sua essência com a transformação, apenas a percepção dos outros sobre ele é alterada, situação que lhe causava angústia. Dessa forma, a obra nos chama para refletir sobre o fato que sim, o outro tem papel fundamental na nossa constituição enquanto pessoa, todavia, se ficarmos presos à percepção dos outros não conseguiremos nos constituir como sujeito de nossas vidas.

Vamos para a letra :


"Olha só

Que cara estranho que chegou

Parece não achar lugar

No corpo em que Deus lhe encarnou

Tropeça a cada quarteirão

Não mede a força que já tem

Exibe à frente o coração

Que não divide com ninguém

Tem tudo sempre às suas mãos

Mas leva a cruz um pouco além

Talhando feito um artesão

A imagem de um rapaz de bem

Olha ali

Quem tá pedindo aprovação

Não sabe nem pra onde ir

Se alguém não aponta a direção

Periga nunca se encontrar

Será que ele vai perceber?

Que foge sempre do lugar

Deixando o ódio se esconder

Talvez, se nunca mais tentar

Viver o cara da TV

Que vence a briga sem suar

E ganha aplausos sem querer

Faz parte desse jogo

Dizer ao mundo todo

Que só conhece o seu quinhão ruim

É simples desse jeito

Quando se encolhe o peito

E finge não haver competição

É a solução de quem não quer

Perder aquilo que já tem

E fecha a mão pro que há de vir"


Escutem, reflitam. 


segunda-feira, 22 de julho de 2024

a luz que não produz sombra.

O que acontece no mundo fica no mundo. fico pensando que mais da metade das pessoas que conheço dizem isso mas eu nunca entendo direito. Pessoalmente , as pontas das asas tocam a borda abaixo das plantas dobradas na saliva. O leste da Irlanda está repleto de rumores, lendas e infinitas pilhas de recortes de um certo tumulto nativo a partir de visões dos hieróglifos cartesianos. Trago verdades sobre vulcões adormecidos no reino da Dinamarca e de como de dentro deles garças retiram do ventre toda uma civilização. sempre devemos nos lembrar que a nossa mente nos prega peças e as vezes mesmo que a resposta esteja na sua frente a gente simplesmente não consegue ver um palmo nas fuças. Medo de ir na cozinha pela madrugada e esbarrar num incel tocando só os loucos sabem. Domingo é dia de ter o primo distante sugado pelo duto do filtro de piscina. sabe da boneca russa que a gente vai abrindo uma por uma e no final encontramos qualquer coisa futil que respingue no nada? A luz que não produz sombra. Então, isso não uma reflexão sobre bonecas russas porque apesar de muito moço, me sinto um ramo pousado perfeitamente sem muito alarde. 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

pode ser confundido com um astronauta homérico.

Eu tinha dois, três truques nos bolsos
de calças compradas no centro da cidade. Nunca soube comprar como quem gasta pra valer a longa espera por um par de sapatos sentinela no subterrâneo. Os sapatos são fabricados e os pés dos meus amigos passam anos perdidos. Até que um dia se encontram. Por isso qualquer guarda roupa parece velho. Por isso estão sempre se desculpando pelos guarda- roupa velho. Mas em segredo se orgulham prq são de alvenaria. Embora eu tenha um corpo que pode ser confundido com o corpo de um astronauta não sou de lá muito essas engrenagens oniricas. Concluo que não sou de fora.Tenho os dedos frios de um técnico em mecânica e sou  como um técnico em mecânica mas não sou tão talentoso quanto um barbeiro. Hamlet diz: palavras, palavras , palavras. 


sexta-feira, 12 de julho de 2024

o comportamento das montanhas.

Ele fala sobre um filósofo do século 17. Não é uma reflexão metafísica, 
mas um jeito diferente de 
seguir outro caminho.
De longe o alpinista chileno
observa o comportamento das montanhas. 
Tem dificuldade em fixá-la na trilha. Parece que foi um dia desses que repousou os olhos nela para
não a perder. 
O tempo, descobriu ele mais tarde,
por ser mamífero, 
inventa idiomas e não 
esquece de ajeitar o sorriso
antes de lembrar que ainda existe um
Santo parecido com seu nome.

Claudio Castoriadis 

sábado, 29 de junho de 2024

considerações intepestivas sobre a colisão dos semáforos.

Um número cada vez mais significativo de pessoas acredita que foi um erro da espécie descer das árvores. Alguns dizem que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima idéia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.

então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi torturado num pedaço de madeira por ter dito que seria uma boa ideia se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, um pivete, sozinho numa pequena lanchonete no interior do rio grande do Norte, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz longe de tanta baderna.

Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma. Infelizmente, porém, antes que ele pudesse mandar uma mensagem para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe e a idéia perdeu-se para todo o sempre. Gregor  acordou de sonhos intranquilos.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Considerações sobre KNAUSGÅRD

KARL OVE KNAUSGÅRD nasceu em 1968, em Oslo, na Noruega sendo considerado o mais importante autor norueguês de sua geração. Seus livros não nos ensinam lição alguma, não há jornada do herói, não há nada de épico. Não existe bem contra o mal no sentido da escatológico. O que o autor faz é criar uma sensação de que estamos testemunhando a vida como ela é, em toda a sua complexidade, das pilhas de louça pra lavar às tretas de família. Você se enxerga em suas histórias. Não por acaso ele rompeu as amarras da ficção com um projeto de escrita autobiográfica. reflete sobre sua timidez e seus silêncios. Em A Ilha da Infância, superindico,  ele mergulha em cheio nas sensações de sua infância numa ilha norueguesa, como se fosse  um Proust escandinavo. Um Proust falando coisas do tipo: 

“Todo mundo quer salvar o planeta, mas ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça”. (P. J. O’Rourke). 

A luta de Knausgård é a nossa luta. Os sonhos, os perrengues. Ao escrever sobre o ordinário, sem projetar visões grandiosas sobre viver uma vida profunda e com propósito, o autor gera um sentimento de familiaridade no leitor presente em tudo que é viral e vicia. Um autor visceral. 

No ensaio “A linguagem”,  o filósofo Heidegger declara: “Não queremos, porém, ir a lugar nenhum. Queremos ao menos uma vez chegar ao lugar em que já estamos”.

É talvez seja essa a sacada Knausgård. Chegar aonde já se está é, aqui, empreender uma verdadeira fenomenologia das coisas que constituem uma vida; salvá-las, de certa forma, de seu desconforto pelo automatismo da presença no mundo. Valew , pessoas. Boa leitura e leiam no mais alto volume sempre. 

sábado, 15 de junho de 2024

Stephen King: o coiso

Você pelo menos já assistiu alguma obra de Stephen King, seja pelo cinema, seriados ou então pelas obras literárias. A escrita de Stephen King se estende por mais de 60 livros e embora o conteúdo de sua ficção possa várias entre estilos, ele é mais conhecido por suas obras de horror. Nem parece que ninguém queria comprar suas obras e chegou vende-las tão baratas para tentar sobreviver e ter como sustenta o vicio em álcool. 
Acostumado a colocar coisas do seu dia a dia em seus livros, King tem o dom de se inspirar em coisas que nunca iriamos imaginar. Mas tá lá na mente do cara. Em sua obra mais famosa O Iluminado (The Shining), publicado em 1977 e com o filme dirigido por Kubrick nos anos 80, King falava de um homem com abuso físico e emocional, a raiva e negligência de um pai alcoólatra que estava vivendo em uma casa mal assombrada.

Ele estava falando dele mesmo quando assumiu o alcoolismo. Esses aspectos tão importantes na obra desapareceram quando Kubrick mudou todos os personagens e fez com que King odiasse sua adaptação por isso. 

Esse tipo de assunto sempre completa as obras de King, a perda de inocência, abuso físico e mental, a batalha entre o bem e o mal e como em uma teia de uma aranha, todas as historias se interligam, presenciando uma das coisas que os fãs adoram descobrir nas obras de King. 

Ele criou o seu próprio universo seja pela famosa cidade Derry ou Castle Rock ( lembrou do seriado , hein?!) que são as mais conhecidas do estado Maine, estado onde ele cresceu e ainda mora.

Ele entendia o medo dos seus leitores e usava seus livros para dar esperança, nem sempre no corriqueiro. 

Massa, né?! Bora conhecer as obras? Acredito que uma das obras com um o maior processo de criação do autor até o momento é O Pistoleiro, que segue de 1978 a 1981, a mesma obra que se tornou a predisposição a saga Torre Negra. Antologia gigantesca estilo livrão russo. Vai lá, fica a dica.








domingo, 2 de junho de 2024

somos apenas um amontoado de gatilhos.

menosprar alguém que não está no mesmo caminho? Talvez não seja muito sensato. Na real ninguém tem a obrigação de acreditar no que você acredita. Você nunca vai ser melhor dq ninguém por fazer o óbvio: seguir um caminho. De repente a tarefa principal da vida é esta: entender que, tirando o nome que lhe foi dado, somos apenas um amontoado de gatilhos presos numa condição da vida. Olha, já pensou em identificar e separar as coisas de forma que possa dizer claramente o que é externo e não está sob seu controle e o que é interno e vc efetivamente controla?! Tô sempre tentando. (Risos) Melhor: o controle não existe. Até parece papo de quem paga de intelectual, um alecrim dourado perfumado. Ó,  minha cara de intelectual. Tô ligado. Mas no fim das tantas, apenas curto escrever essas coisas para fazer a diferença na minha estrutura. Mas não deixa de ser uma ideia, né?! E, com tantas ideias "ruins" rodando o mundo, sei lá , essa pode ser diferenciada para compartilhar. 

* Gostaram da fotinha? É Abgail ela. 

quarta-feira, 29 de maio de 2024

deixa pra lá


Você já ouviu sobre uma teoria conhecida como “Let Them”?

traduzida como: deixa pra lá. Praticar o “deixar pra lá”, pode mudar totalmente a sua relação com as outras pessoas.

Enfim, se você nunca ouviu falar sobre essa teoria, você precisa conhecer o quanto antes, porque é libertador, e realmente pode melhorar em muito a sua vida.

resumidamente, na prática, a teoria “Let Them”, diz:

# Se seus amigos estão saindo, sem convidar você, deixe eles irem.

# Se alguém disser algo maldoso sobre você pelas suas costas, deixe eles. Se alguém for rude com você, deixe eles.

E sabe por que é importante aplicar isso?

Porque, a maneira como as pessoas se comportam em 99% das vezes não tem nada a ver com você. Mas, sim, tudo a ver com elas.

Tenta ae, de repente funciona na sua vida. Valewze 🧘‍♂️


Arte: Claudio castoriadis. 

sábado, 25 de maio de 2024

um dia depois do Bob Dylan

Não porque nem sempre foi assim que você pensou em bater de frente  com o mundo. Em silêncio, derretendo por anos, pendurado num amontoado de moléculas em que se encontrasse o esqueleto alvo de um animal machucado ou em que um casal de anfíbios dormisse na sombra do submarino dos garotos de Liverpool. gatos perseguem bombeiros durante todo o percurso do perímetro apenas para ver o impacto da caixa de leite dentro da geladeira. o leque aquático se abre sobre o desmoronar das máquinas agrícolas.  Foi um desastre, pedras , barraquinhas, bala de borracha, estomago embrulhado, costelas quebradas , pancadaria, prq alguém precisava flutuar para não ser o incêndio dizendo- lhe como funciona a vida de maneiras diferentes. Escrevo sobre o movimento intestinal das abelhas prq corro um grande perigo depois que os alquimistas alugaram um satélite no meu disco rígido. eles venceram e tá tudo bem. Foi por pouco, sabemos disso. Seu poema estupido não pode consertar uma casa assombrada. Demorou , mas você aprendeu. Convenhamos , quase não diz o suficiente quando não se tem muita coisa para arrancar e por isso jamais saberemos absolutamente nada a respeito das venezas lunáticas. Um dia depois do Bob Dylan,  um conjunto de agregados – carbono, ferro, cálcio, água q é oxigênio e hidrogênio, tudo organizado para ela não arranhar os móveis da casa. Um apartamento quitado parece ser menos complexo. Não sou um samurai, por isso se eu não ocupar o espaço, eu me afogo na distância trocando socos com asteróides. todos os lugares se parecem, mas é assim onde leio no camping o ponto final que mancha - te o Sândalo. 

Claudio castoriadis 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

canção para você viver mais.

Quem chega na liberdade da razão entende que na vida, todos nós temos uma missão. A missão de proteger alguém, mudar alguém, ou nascemos simplesmente para salvar uma vida. No decorrer do caminho da vida, passamos por coisas que nos fazem crescer - coisas boas , coisas ruins, e coisas mais ou menos -  passamos também por pessoas que fizeram uma grande diferença em nossas vidas, e fazem até hoje. Mas nem por isso estaremos no mesmo caminho por muito tempo. Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe. Romain Rolland descreve a primeira experiência com a amizade do seu amigo heroi. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos de sua vida. Sim, a vida é curtinha. Mas o que experimentava naquele momento era diferente de tudo o que já sentira antes.

O encontro acontecera de repente, mas era como se já tivessem sido amigos a vida inteira. A experiência da amizade parece ter suas raízes fora do tempo, na eternidade. Uma acontecimento distante, metafísico. Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre.

Uma estória oriental conta de uma árvore solitária que se via lá no alto da montanha. Não tinha sido sempre assim. Em tempos passados, a montanha estivera coberta de árvores que os lenhadores cortaram e venderam. Mas aquela árvore era torta, não podia ser transformada em tábuas. Inútil para os seus propósitos, os lenhadores a deixaram lá. Depois vieram os caçadores de essências em busca de madeiras perfumadas. Mas a árvore torta, por não ter cheiro algum, foi desprezada e lá ficou. Por ser inútil, sobreviveu. Hoje ela está sozinha na montanha. Os viajantes se assentam sob a sua sombra e descansam.

Um amigo é como aquela árvore. Vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa vida uma experiência de comunhão. Diante do amigo sabemos que não estamos sós. E alegria maior não pode existir. Penso nisso, penso nas pessoas, amigos, amigas , emprego, perrengues, gatos , doginhos, romances, família. Penso em todos e tudo. Então, fico feliz por saber que não existe fim para vínculos. O melhor da vida será sempre invisível. Posso não fazer parte do universo de quem fez parte da minha vida, mas, em silêncio, eu sei que sou um pedaço de vida por ter conhecido e vivido com pessoas , plantas, mundos - mesmo agora sendo invisíveis.  

Claudio castoriadis 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

alguma coisa

análise de personagens : Omori, Something

Something é a personificação dos medos de Sunny, que pela sua perspectiva são monstros, a exemplo de Something in the Dark (o medo de cair das escadas), Something in the Walls (aracnofobia) e Something in the Water (medo de afogamento). Mas não apenas isso, Something também representa a culpa que Basil e Sunny (tanto q apenas estes dois personagens podem enxergar Something) compartilham, tanto q sua forma principal é derivada de um corpo enforcado. Marcando presença tanto no mundo dos sonhos quanto no mundo real. Basil acredita que Something foi a entidade que empurrou Mari das escadas, já que em sua idealização de Sunny ele se recusa a acreditar que o amigo poderia ter feito algo tão terrível. Basil expressa ter bastante medo de Something pois parece que o trauma é mais atacante nele assim aumentando mais e mais a culpa até chegar a batalha final da história sem fim onde Sunny terá que enfrentar Basil e Something tentando salva-lo da culpa. A sacada nisso tudo tá na trama psicológica. 

sexta-feira, 5 de abril de 2024

o mundo como vontade e representação

Imagine que você está em um palco iluminado, no centro de um grande show, com todas as luzes focadas em vc. Gritaria, etc.  Nesse momento, você sente q todos os olhares estão direcionados aos seus comportamentos. Essa sensação de ser observado intensamente é o que os psicólogos sociais chamam de “Efeito Holofote” e refere-se ao fenômeno pelo qual as pessoas tendem a acreditar que estão sendo notadas, julgadas por outras pessoas com mais atenção do que realmente estão. Respira prq não é bem assim.   

Imagina a Banda Coldplay, estádio lotado, etc. De 10 pessoas, provavelmente 3 conseguem manter o foco nos artistas. Como assim? Nem todo mundo se importa com a banda, na verdade o foco é sempre o espetáculo individual. Basta ir nas redes sociais ou até mesmo nos eventos. Geral pulando , dançando, focados no celular, fazendo lives, bebedeira. 

Agora, pensa no seu caso. No seu suposto holofote. Ele existe?! Usamos essas sensações de que o mundo nos observa para avaliar o ambiente ao nosso redor, incluindo as outras pessoas. No entanto, as outras pessoas não apenas não conhecem as nossas ideias subjetivas e a nossa situação, mas também são o centro de seus próprios universos. Como disse o filósofo: o mundo é nossa vontade e representação. 

segunda-feira, 25 de março de 2024

como uma escavadeira vai se gastando pelo tempo que atravessa.

muitas vezes me lembro da professora que me alfabetizou, e como ela mostrava que as letras já podiam nascer juntas, porque ela me ensinou palavras inteiras — ou foi assim que minha memória juntou — e depois dela me ensinar a escrever "claudio" ela me perguntou: "que palavras você quer escrever agora?". eu logo quis escrever "família" e a segunda palavra que eu quis foi "vida".


*

muitas vezes me pego pensando que o futuro é que determina o passado e não o contrário. afinal o futuro de toda repetição é ser presente quando acontece. traços na calçada, nos pássaros, no fogo, o corpo todo marcado como uma escavadeira vai se gastando pelo tempo do que atravessa.


*


mais que afeto, eu sentia devoção por essa professora que me mostrou que os sons, ou que os traços podiam juntar com outros traços que transmitiam as coisas que as pessoas diziam umas pras outras e lembro da minha satisfação de sentir o giz nos meus dedos grafando na cartolina. depois ficava com aflição do pó de giz.


*


é curioso conseguir encontrar exatamente na minha mente onde mora essa sensação de lembrar que aos meus 4 anos de idade poucas coisas me deixavam mais seguro do que a professora que me alfabetizou & ter a memória totalmente visual de ler na folha escrito por mim — essa sensação mora no meu tórax, como um colete leve apoiado bem no meio do esterno, pegando os ombros e sutilmente a nuca, esta região do respirar. deve ser por isso que escrever sempre teve a ver, pra mim, com alongamento.

Tudo que existe precisa se alongar para  não cair no esquecimento. 

segunda-feira, 4 de março de 2024

um treinamento pacífico


é uma certa convicção, não sei se fria, ou pelo menos estimulada por um fio narrativo pouco acentuado recriado nesta necessidade de dizer qualquer coisa, não por um antecedente anterior ao ímpeto, mas só pelo ímpeto de escoar mesmo. esta incontinência, a virtualidade do fazer, do como fazer,  e uma fotografia amarelada praticamente total ao redor de tudo, também chamado e conhecido como um ancestral que invade a casa e estilhaça uma falta total, falta intransitiva, não é nem "de" alguma coisa, um acúmulo de líquidos, um feriado enterrado na nuca mas não não não mais. Essa caricatura a quem eu peço, ensina-me o teu sim. já dizia a outra que tudo começou com um sim e um outro que se é ele o portador do grande coração temei não partam dele as grandes negações, este ir perdendo vestes na certeza de que não há sentinela que resista à umidade de março a não ser que se consolide um treinamento pacífico não é por medo não que alguém permanece acordado. 

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Basil

analisando personagens : Basil


Basil é apresentado como um personagem arquetipicamente adorável, com uma aparência "fofa" e até mesmo afeminada, tanto em sua versão do Dream World quanto a do Real World, uma personalidade gentil e uma paixão por seus hobbies de jardinagem e fotografia que é admirável, se refugiando nos mesmos e em uma rotina calma em busca de paz e felicidade. Apesar disto, ele é provavelmente o personagem mais trágico de todo o jogo, pode parecer cruel, a princípio, querer comparar o sofrimento entre quaisquer personagens de OMORI. Pode-se deduzir que Mari e Hero sofriam com pressão parental e Kel e Sunny com possível negligência, mas ainda assim, suas famílias continuavam sendo presentes, amorosas e estáveis, mas Aubrey e Basil vieram de cenários familiares um tanto quanto complicados, Basil foi criado pela avó desde que era um bebê por seus pais estarem ocupados demais para ele, e embora sua avó seja gentil e amorosa (como se pode observar na versão demo do jogo), ele provavelmente passou por um cenário não só de abandono, mas de abusos e traumas ainda quando criança, mesmo que não seja uma informação canon ainda é algo provável, temos indícios de que Basil já tinha presenciado ou mesmo que tinha pensamentos suicidas aos 12 anos amarrar um nó de forca e o de que ele pensou em fazer com que a morte de Mari se parecesse com um suicídio, algo anormal para uma criança de 12 anos, principalmente nos anos 1990/2000 (época na qual OMORI se passa). Basil provavelmente foi abandonado várias vezes em sua vida, algo que fez com que ele tivesse um medo enorme de perder Sunny indo a extremos para que isso não acontecesse, isso também faz com que ele tenha um medo tão grande de conflito e uma auto-estima tão baixa. Forma fofa, conteúdo complexo.
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