sexta-feira, 25 de outubro de 2024
A insustentável busca pela leveza
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Outros personagens com o mesmo rosto
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
uma nave estacionada no telhado pode confiar
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
como deixar uma xícara imóvel
Você tomar café com alguém que, por algum motivo, teve que se ausentar uns instantes da mesa. Me concentro na sua xícara imóvel que ainda está ali, a xícara desse alguém também, permanece imóvel, a cadeira contudo está vazia, é uma pequena experiência de quase morte cotidiana, se ausentar por uns instantes; desaparecer é isso. Uma pequena experiência de quase morte, uma outra espécie de pele. Quando você desaparece, as pessoas continuam falando com você, interagindo com você, escutando suas músicas, lendo seus seus livros, mas você está olhando para um ponto neurótico distante da rua, divagando entre o tempo e espaço, até voltar a si, da sua pequena experiência de quase morte. Piaget diz que um objeto continua a existir, mesmo quando não está visível. Aos 8 meses, por exemplo, a criança começa a buscar objetos que desapareceram de sua vista, indicando uma noção da continuidade da existência desses objetos. Ao contrário dessa tese, você não se interessa pela continuidade e pede a conta.
sexta-feira, 9 de agosto de 2024
Valeska Brinkmann
segunda-feira, 5 de agosto de 2024
Questão do ENEM com System of a Down.
sábado, 27 de julho de 2024
cara estranho: uma reflexão kafkiana.
Eis que Gregor acorda em uma manhã para ir trabalhar, mas acaba percebendo que havia se transformado em um inseto esquisito. Nosso personagem fica preocupado com relação a como ir trabalhar nessa situação, nesse momento o autor conta ao leitor o fato de Gregor ser quem sustenta a família, paga as dívidas do pai, coloca comida em casa, cheio de boletos. Passada a preocupação inicial com o trabalho, Gregor tem outro problema: a má impressão que ele causa nos seus familiares e a mudança de sua forma em sua família. Ele sai da posição de bom filho para um fardo, talvez essa seja a grande metamorfose de Gregor e daí o nome da obra, não sua mudança física, mas a metamorfose de sua posição dentro da família. No sentido psicológico.
Quem já escutou a música cara estranho do Los hermanos não deveria ignorar o fato da dupla mais famosa da indie music brasileira ter compartilhado suas mazelas com analistas, tacando lágrimas sofridas. sobretudo no que tange aos desenvolvimentos freudianos e lacanianos. Como Freud já dizia: os poetas e artistas o precederam na descoberta do inconsciente. como uma escrita hieroglífica, a música cara estranho se mostra confusa e desconexa, cabendo ao analisante amarrar os fios que podem fazer da experiência onírica um relato inteligível (poético).
Dito isso: letra e música é sobre sentimento de não fazer parte. De não ser, não pertença. É nesse ponto que encontramos total influência de Franz Kafka.
Uma das questões do livro é que Gregor não perde sua essência com a transformação, apenas a percepção dos outros sobre ele é alterada, situação que lhe causava angústia. Dessa forma, a obra nos chama para refletir sobre o fato que sim, o outro tem papel fundamental na nossa constituição enquanto pessoa, todavia, se ficarmos presos à percepção dos outros não conseguiremos nos constituir como sujeito de nossas vidas.
Vamos para a letra :
"Olha só
Que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém
Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem
Olha ali
Quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber?
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez, se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar
E ganha aplausos sem querer
Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir"
Escutem, reflitam.
segunda-feira, 22 de julho de 2024
a luz que não produz sombra.
quinta-feira, 18 de julho de 2024
pode ser confundido com um astronauta homérico.
sexta-feira, 12 de julho de 2024
o comportamento das montanhas.
sábado, 29 de junho de 2024
considerações intepestivas sobre a colisão dos semáforos.
terça-feira, 25 de junho de 2024
Considerações sobre KNAUSGÅRD
sábado, 15 de junho de 2024
Stephen King: o coiso
quinta-feira, 13 de junho de 2024
domingo, 2 de junho de 2024
somos apenas um amontoado de gatilhos.
sábado, 1 de junho de 2024
quarta-feira, 29 de maio de 2024
deixa pra lá
Você já ouviu sobre uma teoria conhecida como “Let Them”?
traduzida como: deixa pra lá. Praticar o “deixar pra lá”, pode mudar totalmente a sua relação com as outras pessoas.
Enfim, se você nunca ouviu falar sobre essa teoria, você precisa conhecer o quanto antes, porque é libertador, e realmente pode melhorar em muito a sua vida.
resumidamente, na prática, a teoria “Let Them”, diz:
# Se seus amigos estão saindo, sem convidar você, deixe eles irem.
# Se alguém disser algo maldoso sobre você pelas suas costas, deixe eles. Se alguém for rude com você, deixe eles.
E sabe por que é importante aplicar isso?
Porque, a maneira como as pessoas se comportam em 99% das vezes não tem nada a ver com você. Mas, sim, tudo a ver com elas.
Tenta ae, de repente funciona na sua vida. Valewze 🧘♂️
Arte: Claudio castoriadis.
sábado, 25 de maio de 2024
um dia depois do Bob Dylan
quinta-feira, 25 de abril de 2024
canção para você viver mais.
quinta-feira, 11 de abril de 2024
alguma coisa
sexta-feira, 5 de abril de 2024
o mundo como vontade e representação
segunda-feira, 25 de março de 2024
como uma escavadeira vai se gastando pelo tempo que atravessa.
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muitas vezes me pego pensando que o futuro é que determina o passado e não o contrário. afinal o futuro de toda repetição é ser presente quando acontece. traços na calçada, nos pássaros, no fogo, o corpo todo marcado como uma escavadeira vai se gastando pelo tempo do que atravessa.
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mais que afeto, eu sentia devoção por essa professora que me mostrou que os sons, ou que os traços podiam juntar com outros traços que transmitiam as coisas que as pessoas diziam umas pras outras e lembro da minha satisfação de sentir o giz nos meus dedos grafando na cartolina. depois ficava com aflição do pó de giz.
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é curioso conseguir encontrar exatamente na minha mente onde mora essa sensação de lembrar que aos meus 4 anos de idade poucas coisas me deixavam mais seguro do que a professora que me alfabetizou & ter a memória totalmente visual de ler na folha escrito por mim — essa sensação mora no meu tórax, como um colete leve apoiado bem no meio do esterno, pegando os ombros e sutilmente a nuca, esta região do respirar. deve ser por isso que escrever sempre teve a ver, pra mim, com alongamento.