KARL OVE KNAUSGÅRD nasceu em 1968, em Oslo, na Noruega sendo considerado o mais importante autor norueguês de sua geração. Seus livros não nos ensinam lição alguma, não há jornada do herói, não há nada de épico. Não existe bem contra o mal no sentido da escatológico. O que o autor faz é criar uma sensação de que estamos testemunhando a vida como ela é, em toda a sua complexidade, das pilhas de louça pra lavar às tretas de família. Você se enxerga em suas histórias. Não por acaso ele rompeu as amarras da ficção com um projeto de escrita autobiográfica. reflete sobre sua timidez e seus silêncios. Em A Ilha da Infância, superindico, ele mergulha em cheio nas sensações de sua infância numa ilha norueguesa, como se fosse um Proust escandinavo. Um Proust falando coisas do tipo:
“Todo mundo quer salvar o planeta, mas ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça”. (P. J. O’Rourke).
A luta de Knausgård é a nossa luta. Os sonhos, os perrengues. Ao escrever sobre o ordinário, sem projetar visões grandiosas sobre viver uma vida profunda e com propósito, o autor gera um sentimento de familiaridade no leitor presente em tudo que é viral e vicia. Um autor visceral.
No ensaio “A linguagem”, o filósofo Heidegger declara: “Não queremos, porém, ir a lugar nenhum. Queremos ao menos uma vez chegar ao lugar em que já estamos”.
É talvez seja essa a sacada Knausgård. Chegar aonde já se está é, aqui, empreender uma verdadeira fenomenologia das coisas que constituem uma vida; salvá-las, de certa forma, de seu desconforto pelo automatismo da presença no mundo. Valew , pessoas. Boa leitura e leiam no mais alto volume sempre.