sábado, 24 de maio de 2014

O Arpoador encantador de rabecas




Terminei uma partitura; agora posso ler o silêncio. 


O dia é teletransportado no bico de um pássaro cavalgador.  


Bom mesmo é envergar o sentido desemborcando a realidade. Vou construir com palavras uma máquina de remendar corações. 


Depois de consertar a asa do vento cuidarei em destrambelhar a gramática. Avistei o que se encontra longe, um Arpoador encantador de rabecas. Sua beleza é Fagulhante, emerge cismada na luz matinal com gosto de cambucá coisificado com gameleira.  Eu sempre quis isso mesmo, beber líquido invisível, lavar minha alma com água de chocalho. Refrigera minha escrita a brandura métrica do sopro que vem do centro. Deslocado, Inquieto, repouso uma reflexão como quem dorme. O vazio que se deixa tocar pelo sossego não pode ser conspurcado, embora seja de igual interesse e igual densidade o açoite desmedido.  


Por Claudio Castoriadis
Imagem: fonte web


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