Terminei uma partitura; agora
posso ler o silêncio.
O dia é teletransportado no bico
de um pássaro cavalgador.
Bom mesmo é envergar o sentido
desemborcando a realidade. Vou construir com palavras uma máquina de remendar
corações.
Depois de consertar a asa do
vento cuidarei em destrambelhar a gramática. Avistei o que se encontra longe,
um Arpoador encantador de rabecas. Sua beleza é Fagulhante, emerge cismada na
luz matinal com gosto de cambucá coisificado com gameleira. Eu sempre quis isso mesmo, beber líquido
invisível, lavar minha alma com água de chocalho. Refrigera minha escrita a
brandura métrica do sopro que vem do centro. Deslocado, Inquieto, repouso uma
reflexão como quem dorme. O vazio que se
deixa tocar pelo sossego não pode ser conspurcado, embora seja de igual interesse
e igual densidade o açoite desmedido.
Por Claudio Castoriadis
Imagem: fonte web