quinta-feira, 15 de agosto de 2013

“Instituto para Pesquisa Social” de Frankfurt: conhecimento manipulatório




O pensamento da escola de Frankfurt tem sido identificado de modo excessivamente superficial com o de Marcuse, que sem dúvida é o mais conhecido, mas nem por isso o mais representativo dos estudiosos que, dos anos ao redor de 1930 em diante, se reuniram no “Instituto para Pesquisa Social” de Frankfurt. Pode-se considerar que a história da escola de Frankfurt coincide, em grande parte, com a Biografia intelectual de Horkheime, animador incansável e primeiro inspirador do grupo de intelectuais que se reúnem ao redor dele. Um dos teóricos  do “Instituto Para Pesquisa Social” Theodor Adorno, possui uma produção relevante nesta temática, mas nesse contexto não podemos deixar de citar Walter Benjamin que produz reflexões sobre a técnica de reprodução da obra de arte, no caso particular, o cinema, compreendendo os resultados sociais e políticos dessa massificação ganhando uma dimensão social mais ampliada. O que Adorno estabelecerá como indústria cultural.


A Escola trabalha os elementos de racionalidade do mundo moderno para denunciá-los como uma nova forma de dominação. A Dialética do Iluminismo resume de forma exemplar esta filosofia da história que procura entender a racionalidade como espírito de previsibilidade e de uniformização das consciências. O livro se afasta dos diagnósticos anteriores, calcados sobre o fascismo, integra uma compreensão da história mais abrangente, e o que é mais importante, é escrito na década de 40, tomando-se em consideração o contacto dos autores com a sociedade americana. Não se pode esquecer que nele, pela primeira vez, se fala em indústria cultural, conceito que sintetiza a crítica da cultura de massa nas sociedades modernas.


Quando Adorno e Horkheimer afirmam que o Iluminismo "se relaciona com as coisas assim como o ditador se relaciona com os homens", que ele "os conhece na medida em que os pode manipular", de uma certa forma eles condensam seu pensamento a respeito da sociedade moderna. O conhecimento manipulatório pressupõe uma técnica e uma previsibilidade que possa controlar de antemão o comportamento social. Para ele o mundo pode ser pensado como uma série de variáveis que integram um sistema único. A possibilidade de controle se vincula à capacidade que o sistema possui de eliminar as diferenças, reduzindo-as ao mesmo denominador comum, o que garantiria a previsibilidade das manifestações sociais. A crítica da racionalidade desvenda desta forma uma crítica do processo de uniformização.


Por Claudio Castoriadis


Diário de um andarilho


Mikhailovitch, primavera de 1886


A voz do meu companheiro de longas datas fez-me voltar à realidade. Semana passada estava tudo diferente. Eu havia devaneado às cegas dentro de uma situação. Pessoas contra outras, muitas ideias jogadas em minha cara, isso cansa, ainda assim fiquei tranquilo. Não poderia perder a calma. Hoje na aula de literatura a professora tratou sobre uma temática aconchegante: Mudança. O debate foi se estendendo por Horas e horas. Ótimo, o dia estava a meu favor. Em silêncio encontrei uma relação entre mudança e sabedoria. Gosto de complicar as coisas, assim vou aprendendo desaprendendo. Não demorou muito e logo cheguei a conclusão que um sábio aprende a mudar, desconstruir, transformar, se livrar do que está ancorado em sua realidade, se libertar das pessoas, dos objetos e dos lugares. Afinal, já dizia aquele velho ditado: é preciso mudar tudo para que nada mude. Uma boa atividade para a mente consiste em confiar no movimento do tempo.
Por Claudio Castoriadis
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