Por Claudio Castoriadis
Tem dias em que eu acordo gritando para as paredes as dores da minha existência, nessas horas o silêncio pesa esmagando minha esperança, dizimada por cada infortúnio e miséria, espelhos quebrados entre coisas empoeiradas refletem meu rosto em retalhos. Mesmo assim sou grato por cada lástima. Tudo acontece como deveria ser afinal, a roda da existência não para, ela é sempre fiel com suas obrigações: gira e gira criando e destruindo tudo que se encontra em seu domínio. Busco por meu lugar onde meu equilíbrio possa ser como deveria. Eles podem destruir meu corpo, dilacerar meus sonhos, mas minha luz será forte. Que venha todo mal, nada temo - meu espírito ainda me pertence. O vale da sombra da morte é pouco para quem sobrevoa abismos. Meu coração está partido, são tantas as feridas. Pássaros selvagens me rodeiam. Eles querem a companhia desse miserável pecador que desde sempre definhou pela escuridão. Silêncio - uma oração cai sobre mim.