Reinhart Koselleck nasceu em Gorlitz na Alemanha, em 23 de Abril de 1923. Doutor em 1954, teve sua tese publicada em 1959, com o título Kritik undKrise (há traduções para o francês e o italiano). Seu campo de investigação remete à teoria da história e a aspectos da história moderna e contemporânea. Sendo considerado um dos mais importantes historiadores alemães do pós-guerra, ainda ganha destaque por ser um dos fundadores e o principal teórico da história dos conceitos. As suas investigações cobrem um vasto campo temático. Dedicou cerca de 30 anos de sua vida à elaboração de uma história dos conceitos. Partindo do principio de que este tipo de história não pode ser separado da história social, ele investiga os problemas teóricos implícitos a este campo de pesquisa, particularmente no que se refere às relações entre linguagem e história. Seguindo o mesmo caminho traçado pelo filósofo Heidegger, Koselleck trabalha a possibilidade da disciplina histórica a partir da temporalidade inerente à existência humana. Por isso sua historiografia de se desenvolve a partir de uma questão fundamental: “o que é o tempo histórico?”. Pergunta essa que caracteriza a atitude teórica fundamental para se chegar a questionamentos genuinamente históricos. Como? Ressaltando a relação entre história e tempo analisando as experiências dos homens no mundo, sua atuação política, sua vida em sociedade. Penso que seu discurso pode ser identificado ao pensamento da escola de Frankfurt quando o mesmo também, com outros métodos, busca uma análise crítica da sociedade industrial avançada, época atrelada aos princípios burgueses problematizando as ideias de igualdade, liberdade e fraternidade, invocada pela burguesia. Encontrando nesses princípios as raízes da alienação e problemas da politica contemporânea suas ideias de imediato por acaso não refletem a dialética do iluminismo e a crítica da razão instrumental, temas trabalhados com precisão pelos intelectuais da “Escola De Frankfurt”? Escola relacionada ao Materialismo Histórico, muito influente entre os historiadores, e particularmente no Brasil. Uma primeira leitura do seu livro CRÍTICA E CRISE já basta para asseguramos tal afinidade. Nessa obra de extrema relevância à Teoria da História, o autor estuda a dinâmica interna do Iluminismo e da gênese do mundo burguês, modo de produção intelectual elaborada no século XVIII que não apenas justificou a ascensão de uma classe especifica, como também inaugurou uma nova percepção do mundo, um processo que se estende desde a Revolução Francesa até a Guerra Fria, justificando assim um mundo em crise. Cumpre notar que segundo Koselleck o espírito burguês do século XVIII transformou a História em um processo. Ao soerguerem como que um tribunal da razão, as Luzes passam a chamar às falas a Teologia, a História, a Arte, o Direito, o Estado e a Política. Ou seja, no momento em que as Luzes negam o Estado Absolutista, a história fica em aberto e, assim, se enuncia a crise que finda no que podemos denomina de “dialética do iluminismo”. Ironias a parte, vejam que incrível a “Filosofia” e a “História” pensando e respirando um mesmo "ar" intelectual. Um salve para a indústria de intelectuais alemães.
Por Claudio Castoriadis
Por Claudio Castoriadis