Não é de hoje que a sociedade
capitalista vem se alimentando da exploração e alienação de milhões de seres
humanos. O sistema capitalista é tão construtivo quanto um câncer, ele cresce
devorando, é um sistema de comando cujo modo de funcionamento é orientado para
a acumulação do capital lambendo suas feridas - convertendo pessoas em
entidades abstratas. O modo de produção capitalista cria um processo de
crescente mercantilização e burocratização das relações sociais. Resultado: o
ser humano fica preso em um tipo de camisa de força. A vida é subjugada pelo
laço denominado como CLASSE SOCIAL. De um
lado os dominantes, do outro os dominados:
“Nosso planeta está cheio. Não somente do ponto de vista físico, como
também social e político. Hoje são postos em movimento enormes contingentes de
seres humanos destituídos de meios de sobrevivência em seus locais de origem.
Já não há mais espaço social para os parias da modernidade, os inadaptados,
expulsos, marginalizados, o lixo humano produzido pela sociedade de consumo”.
(Zygmunt Bauman - Vidas
Desperdiçadas)
Capitalismo e sua paisagem: alto
índice de pobreza.
Mediante o consumismo desenfreado
incentivado pela competição social temos uma doença abafada pela alienação coletiva:
o alto índice de pobreza. Depois de formado
o alto índice de pobreza, se torna mais difícil lidar com as consequências que
acompanham o fenômeno. Os dados de 1999 do Programa de Aprimoramento das
Informações de Mortalidade do município de São Paulo (PRO-AIM) mostram uma
relação direta entre espacialidade e violência.
As áreas mais violentas são
aquelas em que predominam a perversa conjunção de níveis baixos de renda e de
escolaridade, elevado desemprego, maior número de moradores em favelas e piores
condições de moradia.
“A urbanização no Brasil se deu de forma desigual. Esse elemento aumenta
a brecha de exclusão social, tônica no desenvolvimento das cidades. Existem
ações para corrigir essa realidade, mas não para preveni-la. É preciso um
esforço nacional para favorecer a desconcentração e fazer com que as cidades
médias funcionem melhor, para que possam absorver a periferia das grandes",
pondera Alberto Paranhos, oficial principal no escritório regional do Programa
das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat) para a América
Latina.
Pode-se afirmar que o surgimento
da população em situação de rua é um dos reflexos da exclusão social, que a
cada dia atinge e prejudica uma quantidade maior de pessoas que não se
enquadram no atual modelo econômico, o qual exige do trabalhador uma
qualificação profissional, embora esta seja inacessível à maioria da população.
É inegável que
indivíduos utilizam as ruas como moradia, fato desencadeado em decorrência de
vários fatores: ausência de vínculos familiares, desemprego, violência, perda
da autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doença mental, entre outros fatores. Tudo
por conta da supremacia do neoliberalismo e da ideologia do mercado enquanto
regulador absoluto das relações sociais.
Texto dedicado ao amigo Dejair,
morador de Rua da Área Central da cidade de São Paulo.
São Paulo, 2013
Foto by: José Carlos
Por Claudio Castoriadis