Quando fui convidado para
cerimônia entre blogueiros, intelectuais e profissionais na área de comunicação
em São Paulo, deixei bem nítida minha expectativa quanto ao evento. Nada contra
a população da cidade, creio que minha personalidade fala por si. Gosto do meu
espaço. De maneira que em uma grande cidade sinto minha pessoa pertecer a quem não se pertence. Prefiro
me abster de qualquer comentário dedutivo ou qualquer julgamento. Afinal, fui bem
acolhido pela terra da garoa. Linda Cidade, isso é inegável.
Cheguei pela manhã no hotel reservado.
A chuva havia começado nesse dia, bastava andar alguns quarteirões e o desânimo
em caminhar me arrebatava. Sem problemas, passo o resto do dia em meu quarto,
sem sono, encohido em uma cama ao som de uma cidade que nunca dorme.
No dia seguinte, tendo em
mente apreciar as diversas manifestações artísticas significativas na cidade. Pergunto
ao recepcionista do hotel pelos Teatros, cinemas, museus e centros culturais.
Por sorte o local onde me hospedei é próximo da Avenida Paulista - símbolo da cidade, um dos principais expoentes culturais da metrópole.
Nos primeiros instantes tudo
era novidade. Andando pela Avenida
Paulista, conversando com um amigo, notei uma multidão aglomerada em um lugar,
ao lado de um imenso shopping, observo as reações das pessoas, alguns
atenciosos, outros sarcásticos. De qualquer forma, todos prestigiavam um
artista de rua. Melhor dizendo, um cidadão, pai de família, que corajosamente
todas as manhãs deixa sua casa para um destino comum - Centro da Cidade.
Esse tipo de arte me fascina . Trabalha-se na rua, dentro de uma
série de características que, neste rústico espaço, tornam belo o possível, o
necessário. São muitos os que fazem da rua o seu local de trabalho: músicos, atores, mímicos, palhaços, saltimbancos
entre outros.
Um tipo de trabalho honesto
que visa entreter as pessoas com bom humor. E claro, geralmente ao final de uma
apresentação passam o “chapéu” para receber da plateia a sua contribuição. Sou
um profundo admirador dos artistas marginalizados. Sem nenhum apoio e a
constante desvalorização da arte fora dos holofotes do teatro. Milhões de pessoas
passam pelas ruas, apressadas pela correria do cotidiano, e, às vezes, nem
notam aqueles que tentam impressionar pelo talento e criatividade.
Falar em artistas de rua é um apelo ao resgate da
memória da arte que surge para o mundo, um presente para o mundo. Falar em
artista de rua implica em lembrar de um ser que deseja criar algo para além do
impossível. Um trabalho mergulhado em ideias, valores e comunicação de uma cultura
urbana. Uma fuga desse mundo imanente, um show de vida. O ingresso a esse espetáculo?
Que tal um sorriso e uma salva de palmas?
Dedico esse texto ao artista de rua Mário Izildo de souza, 59 anos.
Foto by José Carlos
São Paulo, 2013
Por Claudio Castoriadis
Dedico esse texto ao artista de rua Mário Izildo de souza, 59 anos.
Foto by José Carlos
São Paulo, 2013
Por Claudio Castoriadis