"Não posso dizer que
entendo Hegel e Lacan, os dois faróis de Zizek. Mas, mesmo difícil, ele escreve
bem, sabe explicar o que pensa, leva o leitor por longos, longuíssimos
raciocínios, cheios de exemplos engraçados, irônicos, absurdos, em geral tirados
do cinema: Hitchcock, David Lynch, irmãos Marx, muitos outros. O homem é uma
enciclopédia de cinema! Deve ter memória fotográfica porque é capaz de
descrever em detalhes todos os filmes que viu. Fascinante! Mas é cansativo. Depois
de uma hora conversando com ele, eu estava batendo pino. Simpaticíssimo,
galhofeiro (adora uma piada suja), a mil por hora, Zizek é de uma obsessão
contagiosa. Paradoxo: é antissocial. Diz que não gosta de gente. Detesta
estudantes, intelectuais, outros psicanalistas – especialmente os lacanianos
como ele – a esquerda em geral, e obviamente, despreza a direita e o centro.
Mas é um doce de pessoa. Não tente entender" (Jorge Pontual a respeito de
Slavoj Zizek).
Pois bem, nem preciso lembrar
para quem o Jorge pontual trabalha. O que deveras me chamou atenção nessa
declaração feita em off pelo Pontual foi o comentário de má fé imputados ao
Zizek. Confesso que nunca fui fá do intelectual “marxista”, Slavoj Zizek.
Sempre que a conversa é sobre sua postura filosófica, um tipo de esquerda que me
causa espanto, meu silêncio é uma resposta em respeito à figura desse simpático
pensador.
Porém, como toda mente inquiridora vasculha uma ideia de várias
maneiras, a minha foi além do espetáculo de mungangos do Zizek e suas críticas
para os líderes latinos.
Sociólogo, filósofo e teórico
crítico esloveno, Slavoj Žižek é professor da European Graduate School e
pesquisador sénior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É
também professor visitante em várias universidades estadunidenses, entre as
quais podemos citar a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for
Social Research, de Nova Iorque, e a Universidade de Michigan. Nascido na
antiga Jugoslávia, em Liubliana, hoje capital da Eslovénia, doutorou-se em
Filosofia na sua cidade natal e estudou Psicanálise na Universidade de Paris. Belo
currículo. Mas algo me deixou intrigado nessa entrevista. Uma pergunta de imediato
arrebatou minha atenção. Será que todos sabem sobre um corte grotesco – feito
pelos editores do programa – quando Zizek estava falando positivamente sobre
Lula? E quem viu a entrevista reparou que constantemente o pensador esloveno se
retrata sempre que a temática abordava Lula? Mas claro, quando o assunto era
sobre os demais líderes latinos ele não fazia economia de críticas. O que será
que a globo tinha em mente com essa edição dos comentários de Zizek? O filósofo
Zizek deveria ser mais cauteloso antes de disparar sua metralhadora conceitual.
Sobre o autor recomendo
Por Claudio Castoriadis