Eu particularmente penso, em “baixo
tom”, que o dízimo em seu sentido teológico ou antropológico não tem mais a
função de outrora. Em um contexto histórico existia um motivo específico para o
dízimo no que se infere a figura do líder religioso e determinada instituição.
Hoje em dia é sem fundamento o argumento que desgasta a fé e o sentido da
palavra - com o tempo os valores mudam e as coisas da mesma forma. Em muitas
situações o fiel perde o sentido da sua participação religiosa, o caráter
sagrado da fé é bruscamente abusado. A problemática ganha outra proporção quando
o seguidor passa a desempenhar o papel meramente passivo. Ninguém deveria ser
alienado, nem obrigado a dar, psicologicamente, valor algum para ser abençoado
por Deus. Desse modo, torna-se um bem aventurado assistente ou o dono da festa,
aquele detentor de direitos, podendo exigir o que queira, mesmo em detrimento
das necessidades espirituais de um grupo. Consequência? Tudo lhe é místico e
estranho, ganhando uma estética supersticiosa. Por conseguinte, temos a frieza
ao ritual litúrgico, como se nada significasse. Enfim, Sobre o dízimo, existe
uma diversidade de argumentos, há quem diga que as passagens bíblicas que falam
sobre a entrega de 10% à obra no Velho Testamento ainda valem para o Novo
Testamento, há também aqueles que desacreditam por completo dos textos "sagrados", e há quem discorde, afirmando que a partir de Cristo, a Lei foi
ultrapassada, e que os critérios são outros, em todos os aspectos, incluindo a
doutrina do dízimo.
Por Claudio Castoriadis