O pensamento da escola de
Frankfurt tem sido identificado de modo excessivamente superficial com o de
Marcuse, que sem dúvida é o mais conhecido, mas nem por isso o mais
representativo dos estudiosos que, dos anos ao redor de 1930 em diante, se
reuniram no “Instituto para Pesquisa Social” de Frankfurt. Pode-se considerar
que a história da escola de Frankfurt coincide, em grande parte, com a
Biografia intelectual de Horkheime, animador incansável e primeiro inspirador
do grupo de intelectuais que se reúnem ao redor dele. Um dos teóricos do “Instituto Para Pesquisa Social” Theodor
Adorno, possui uma produção relevante nesta temática, mas nesse contexto não
podemos deixar de citar Walter Benjamin que produz reflexões sobre a técnica de
reprodução da obra de arte, no caso particular, o cinema, compreendendo os
resultados sociais e políticos dessa massificação ganhando uma dimensão social
mais ampliada. O que Adorno estabelecerá como indústria cultural.
A indústria cultural pode ser
definida como o conjunto de meios de comunicação como, o cinema, o rádio, a
televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema poderoso para gerar
lucros e por serem mais acessíveis às massas, exercem um tipo de alienação e
controle social, ou seja, ela não só edifica a mercantilização da cultura, como
também é legitimada pela demanda desses produtos. O grande problema da
indústria cultural implica justamente na forma como esses produtos passaram por
uma hierarquização quanto à qualidade, no sentido de privilegiar uma
quantificação dos procedimentos da indústria cultural, não há uma preocupação
exata com seu conteúdo, mas com o registro estatístico dos consumidores.
A sociedade industrial seria um
desdobramento social daquilo que se chamou de Revolução Industrial, aplicado
principalmente às transformações ocorridas na Inglaterra durante o período de
1760-1869. É importante lembrar que quando se fala em indústria nesse contexto,
não estamos mais nos referindo ao seu sentido original de habilidade,
perseverança e diligência, mas num conjunto de empresas fabris, produtivas e
frenéticas, ou seja, nesse sentido a indústria passa de habilidade individual
para uma instituição social que permeia todo o tecido da sociedade alienada. Temos então uma sociedade totalmente subordinada
pela técnica- A técnica passa a ser a nova estrutura ideológica e instrumento
de dominação em massa.
A burocratização da sociedade indústrial é
provocada pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista que aumenta o
abuso da intervenção estatal, expande o setor de serviços, desenvolve a
“sociedade civil organizada” e expande o domínio burocrático nas empresas
privadas devido ao processo de oligopolização da economia. Portanto, a
competição social, a mercantilização e a burocratização das relações sociais
são os elementos constitutivos da sociedade industrial capitalista. Tudo é
condicionado à economia mediante uma produção industrial que condena a
degradação do papel filosófico-existencial da cultura. Enfim, é necessário compreender e manter uma
postura que seja crítica e analítica
desse processo de massificação. Pensar esse sistema indústrial vigente na
cultura é antes de tudo, tomar como problemática a gama de problemas culturais vividos no
século XX. Devemos rejeitar esse tipo de mistificação ideológica que torna o
sujeito cativo em uma sociedade que caminha paulatinamente para uma catástrofe
do tipo humano. Ou, como notou o escritor Arthur Feldmann, o preço que
usualmente pagamos para sobreviver é a própria vida
Por Claudio Castoriadis
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |