quinta-feira, 16 de junho de 2016

recordações da cabine telefônica


ocorreu-me de pensar que ainda somos, no essencial
a semana passando num piscar de olhos
o deslumbramento de quem descobriu
um poema musicado da Hilda Hilst
sonhos adestrando as malas
embalando somente
o necessário
e sobretudo
à primeira vista, em frente aos novos inquilinos
somos roupas de dormir
com cheiro de café
sem qualquer embaraço
fazendo as compras do dia
pedalando pela calçada são tomás de aquino
carregando açúcar mascavo em sacolas de papel
rabiscando fileiras de cabines telefônicas
parando nos sebos e brechós
somos um lugar seguro
que rumoreja reiteradas vezes
que o lugar mais seguro do mundo
é um gênero literário que nem de longe se deixa prescrever
porque seu cheiro masca hortelã e usa sandálias de dedo na feira 



by: claudio castoriadis 
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