Casa de papelão tem hora de levantar, se ajoelhar, pendurar carrilhões de traças no fundo do sono perdido, como uma estrela, se perde entre planetas e satélites tripulados. Minha família está numa folha de cartolina retocada por sobras de comidas, nesse papel por escrito, reposiciono linhas por mim reescritas, minha sorte é cantiga, reboca os córregos de dentro da minha caixa de guardar ausência, meu coração é leito para minha alegria, minha fé tem a força da luz que queima da lamparina na janela alheia.
Quando ganhei um dicionário informal, foi assim, dessa maneira: um exemplar inteiro de frases adequadas para meu segundo nascimento. Minha imaginação grelhou em meu pensamento vidrado, minha cabeça se tornou capacete, estrela cadente, estrela carente, a realidade começou comigo, o amanhecer desremelou o sol do cordão umbilical. Ainda não sei decifrar toda fala que o mundo diz, por enquanto gravo onde meu olho bate, observando a distância que dobra nos meandros dos cílios do mundo. Penso: gosto desse cheirinho de páginas habitacionais e dos bilhetes arribados por palavras estranhas motivacionais.
Por Claudio Castoriadis
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Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |