domingo, 23 de março de 2014

Quando ganhei um dicionário informal


Casa de papelão tem hora de levantar, se ajoelhar, pendurar carrilhões de traças no fundo do sono perdido, como uma estrela, se perde entre planetas e satélites tripulados. Minha família está numa folha de cartolina retocada por sobras de comidas, nesse papel por escrito, reposiciono linhas por mim reescritas, minha sorte é cantiga, reboca os córregos de dentro da minha caixa de guardar ausência, meu coração é leito para minha alegria, minha fé tem a força da luz que queima da lamparina na janela alheia.

Quando ganhei um dicionário informal, foi assim, dessa maneira: um exemplar inteiro de frases adequadas para meu segundo nascimento. Minha imaginação grelhou em meu pensamento vidrado, minha cabeça se tornou capacete, estrela cadente, estrela carente, a realidade começou comigo, o amanhecer desremelou o sol do cordão umbilical. Ainda não sei decifrar toda fala que o mundo diz, por enquanto gravo onde meu olho bate, observando a distância que dobra nos meandros dos cílios do mundo. Penso: gosto desse cheirinho de páginas habitacionais e dos bilhetes arribados por palavras estranhas motivacionais. 


Por Claudio Castoriadis
Imagem: fonte web

Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

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