sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O mar, o barco e a torneira

Com poucos barcos se faz um mar, talvez bem menos, quando se aprende que todo prefácio criacionista da margem para outro começo evoluindo, um mar inteiro, aberto para um passeio, dilatando, matutando o que advém da imagem representação encabulada nos meandros do azul candente azulado com os peixes no incauto dos passos, dinâmicos aflorando orvalhos incandescentes no então oceano; deleitemos reverberando a luz do dia. Visto de cima o mar parece um aquário encalhado, as ondas emaranhados na rede, o cais lembra um alambrado abarrotado de peixes dourados; visto de cima tudo é tranquilo, até chego a pensar no que tinha esquecido, pessoas, veleiros, barcos a vela, pensamentos, tecidos, lembranças e ruídos.

De longe, o mar parece maior, de perto muito maior, grande imensurável, incomensurável na medida do limite do meu pensamento, à deriva, peregrina, o perigo que periga encaixotado sem rumo, na pior das hipóteses, escava, chacoalha um bocado, com circunspecção as águas - não se pode falar quando se aprofunda ralando nas camadas necrológicas, alcaloides.

De uma torneira pinga um dilúvio, choradeira marinha, tartaruga e submarino; peixe saboneteira, tubarão fora d’água, volta e meia meia volta, volver -  Quatro, quinto de todos os cilindros no silêncio galopado por cavalos marinhos. O tempo é laçado numa pedra ancorada, outrora não é, não será, do passado não passa; pessoas são nadadoras e somente vida, nada de dores.

Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

Reflexões de uma goiabeira


Quando a noite cansa de segurar a lua, faço de bom grado, do meu pensar uma cartolina, onde se deixa, e se arrisca um rabiscado de linhas vesgas, uma casinha com cerquinha, pontes, vilarejos, cachorrinhos, gatos, patos, galinhas e pintinhos que lexotam pessoas, amigos e vizinhos talhados por um atalho arranjado com estrelas, constelação de cores, um vasto céu de areia onde a lua pode brincar, minguar e migrar.

Existir é ser bem mais que um potinho, recheado de afetos, ternura, açúcar, adoçante, café, cafeteira, lanche, merendeira; ser alguém não é ser a mesma coisa durando a vida inteira, seja figura, figurante, álbum de figurinha amassado no envelope.

Eu poderia ser real, certamente sou um conto proseado; outrem, fulano ou sicrano um sonho de alguém esquecido no travesseiro. Metade, reta, metalinguagem, esquadro, sou um sonho, parte integrante do processo artístico e infantil da minha existência, ser ou não ser - essa não é a questão, um tantinho inquestionável desacerto, referencial que anda desajeitado informal.

A quem interessa, a natureza do sonho adora se esconder, debaixo das folhas da goiabeira, no sorriso abirobado, na primeira camada do rímel do cílio clareado de beleza, rodopiando na sopinha de letrinha, no segundo sono velado pela clareira de uma vela que deseja nostálgico um futuro sonolento.

Ah, saudades, de quando eu era apenas uma goiaba, gabiroba, guariroba; hoje parodiado, parafraseado, aliterando, sou a sombra do sonho aliterações de uma goiabeira. 



Por Claudio Castoriadis
Imagem: fonte web
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Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

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