Uma palavra crescente tem assinalado o potencial das tecnologias e cenário político: democracia digital. Se por um lado
temos uma onda de rejeição em relação à política - por vários fatores - o mundo
virtual apontou para um novo paradigma político. As mentes inquiridoras são
levadas pelo canto das tecnologias, possibilidades para a emersão de novas
práticas e ações políticas.
No centro desse furacão
tecnocrático, temos cidadãos e representantes políticos; ambos se adaptando
para o fortalecimento de uma cultura cívica; gerar novas modalidades de
participação; oxigenar o debate público.
Vale lembrar que o interesse
de instaurar uma democracia digital não vem de hoje. Basta lembrar que já nos
anos 1970 Macpherson (1977) indagava-se sobre o potencial democrático das
tecnologias emergentes.
Em tese, a base da democracia
é a participação popular e muitos têm na internet uma grande ferramenta para
que isso realmente aconteça.
O surgimento e a popularização
da internet parecem ter criado um novo marco na democracia, com a chamada
“democracia digital”. Apesar do dilúvio de informações, que pode ser visto de
modo negativo ou positivo, é inegável que a grande rede se tornou, cada vez
mais, um instrumento de incentivo e novo horizonte da democracia, estreitando a
ponto entre pessoas, criando pontes, facilitando até certo ponto a participação
popular na vida política de cidades, estados e do país como um todo.
Não há como negar que a
internet influencia na criação de ideias e posturas que pesam na política de um
estado.
Falar em democracia digital se
trata, a rigor, de uma crise do sentido da democracia, que, como ideia ou como
ideal, jamais esteve em tão alta conta. Todos veem como problemático o sistema
de práticas, instituições e valores da política contemporânea à medida que se
constata a sua distância de um formato de democracia considerado ideal.
Por Claudio Castoriadis