quinta-feira, 11 de outubro de 2012

István Mészáros: A Obra de Sartre – Busca da Liberdade e Desafio da História



CAIO LIUDVIK


Ao lado de Slavoj Zizek e Alain Badiou, o húngaro István Mészáros talvez seja o maior nome do pensamento de esquerda hoje. Só isso bastaria para tornar qualquer livro novo dele uma atração em si. E o que dizer quando este livro é sobre um nome como Jean-Paul Sartre, um dos ícones da filosofia do século 20 e encarnação suprema da figura do intelectual engajado nas lutas emancipatórias dos pobres, das minorias, dos povos colonizados, do Terceiro Mundo?

A Obra de Sartre – Busca da Liberdade e Desafio da História (Ed. Boitempo, trad. Rogério Bettoni e Lólio Lourenço de Oliveira, 332 págs., R$ 54) não é uma mera reedição, mas sim uma versão revista e consideravelmente ampliada do livro originalmente publicado por Mészáros em 1979, pouco antes da morte do próprio Sartre (1905-1980).

Slavoj Zizek: O Amor Impiedoso (ou: Sobre a Crença)


O filósofo esloveno contraria o prognóstico freudiano segundo o qual a crença religiosa sucumbiria diante do progresso da razão tecnocientífica. Zizek defende que as crenças estão enraizadas e analisa este fenômeno em uma sociedade sem Deus.


O Amor Impiedoso (ou: Sobre a Crença)
Slavoj Zizek
Trad.: Lucas Mello Carvalho Ribeiro
Autêntica

http://revistacult.uol.com.br/home/2012/10/slavoj-zizek-e-a-fe/

A MISSA DAS SOMBRAS



Anatole France

Eis o que o sacristão da igreja de Santa Eulália, em Neuville-d'Aumont, me contou debaixo da latada do Cavalo-Branco, numa bela noite de verão, bebendo uma garrafa de velho vinho, à saúde de um morto muito abastado, que ele havia enterrado honrosamente naquela manhã mesma, sob um tecido cheio de belas lágrimas de prata. Meu finado e pobre pai (quem fala é o sacristão) foi, em vida, coveiro. Era de humor agradável, e isso sem dúvida decorria de sua profissão, porque se tem reparado que as pessoas que trabalham nos cemitérios possuem espírito jovial. A morte não os atemoriza absolutamente; jamais se preocupam com ela. Eu, que lhe estou falando, senhor, penetro num cemitério, à noite, tão serenamente quanto no caramanchão do Cavalo-Branco. E se, por acaso, encontro um espectro, não me inquieto absolutamente com isso, porque reflito que ele pode perfeitamente ir cuidar de seus negócios, da mesma forma que eu dos meus. Conheço os hábitos dos mortos e seu caráter. Sei a tal respeito coisas que os próprios sacerdotes ignoram. E o senhor ficaria surpreso se lhe contasse tudo que tenho visto. Mas, nem todas as verdades são próprias para serem contadas, e meu pai, que, todavia, gostava de narrar histórias, não revelou a vigésima parte do que sabia.
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