O caráter
ativo da justiça volta-se a uma legítima avaliação de si e das relações de
ideias e conceitos que no vemos inseridos, uma bendita avaliação que envolva a
multiplicidade de possibilidades sempre presentes em um julgamento sério. O tal do Mensalão (do PT) foi uma manobra
bestial de um inquiridor julgamento político, bizarro, sem provas, anacrônico,
promovido por uma corja de paspalhos: Gurgel que o diga. Como procurador geral
da república saiu atropelando, feito um imbecil, um processo de suma
importância para nossa estrutura democrática. Não sei em qual faculdade o
Gurgel alimentou essa tese distorcida de justiça. Condenar um réu com elementos
razoáveis? Meu caro Gurgel, cuidado com suas afirmações. Um procurador geral
deve ponderar nas palavras. Retórica niilista pode lhe empurrar para além de um
abismo ético. Não adiantou se retratar reconhecendo que condenou Dirceu sem
provas, sua pessoa abusou de uma petulância especulativa. A saúde da democracia
se encontra frágil. O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu,
reagiu à entrevista do procurador-geral da República publicada pelo jornal
Folha de São Paulo. Roberto Gurgel, fanfarrão responsável pela acusação no
processo do mensalão, no qual Dirceu foi condenado, disse que pessoas “do topo
da quadrilha” têm sempre uma participação cuidadosa e provas diretas são
“praticamente impossíveis”. Para o ex-ministro, apontado como chefe do esquema,
as declarações do procurador “deixam claro” que “nunca houve provas” contra
ele. Procurador-geral!! Que vergonha. Seja menos imbecil em sua postura
golpista, quem sabe dessa forma ainda é possível salvar a decência e a lealdade
processual de um julgamento violentado por filisteus da cultura. Intolerante,
projeto mal acabado de um moralista, depreciador da democracia.
Por Claudio Castoriadis