Tudo aquilo que comunica em
massa, ou seja, que torna algo comum a todos ou a um grande número de pessoas,
pode ser considerado mídia. Porém, há um
efeito perverso e monopolizador dos modos de informação atualmente no Brasil. Descarga
gratuita de informações-depauperadas. Poucos se dão conta de que a mídia usa
seu público para autopromoção e, cada vez mais, esquece seu primeiro, principal
e mais belo objetivo: informar e
propagar conhecimentos. É um absurdo cultivamos uma postura anacrônica frente
ao poder do veículo de uma mídia contaminada por intenções egoístas autodestrutivas
tornando as pessoas postergadas em seu tempo.
Parece claro, pelo exposto,
envolvimento da grande mídia com causas partidárias, escarrando da forma mais
suja suas opções políticas-ideológicas, uma incompatibilidade comunicativa
entre ideias e fatos. Pelo visto, o caráter centralizador e conservador da
grande mídia brasileira não coopera para
a defesa dos interesses culturais de nosso povo e apenas reproduz valores
maliciosos. Um bom exemplo? A grande imprensa está aproveitando de “supostos” erros
do governo do PT para tentar exterminar no amplo sentido da palavra qualquer
movimento de “esquerda” no país.
Considero a ascenção da hegemonia
da mídia nos rumos da nossa política um tipo de poder assustador no Brasil. Além
de influenciar e determinar tendências,
age como uma inconoclasta força social, direcionando, alienando, os cidadãos de acordo com sua vontade quando
se encontra atrelada aos poderosos de uma classe especifica.
Para o bom funcionamento de uma
sociedade democrática é importante que
as pessoas tenham posições, posturas próprias, não deve existir um nivelamento
de ideias. Não se pode negar o lado positivo da mídia na propargação de
informações. A mesma deve funcionar somando ao senso crítico de uma nação. É
preciso ter uma opinião própria, somente
assim funciona uma democracia saudável. Para tanto, é necessário participar de
forma ativa do processo político, nos livrar das verdades prontas, das
concepções desnortedas de sociedade que muitos veiculam na mídia com seu
sensacionalismo pragmático e suas ideologias da classe conservadora.
Aceitar uma verdade pronta e
embalada para consumo não é função da mídia informativa. Infelizmente hoje a
mídia com sua apropriação segmentada do real, deseja afetar as relações sociais
e as define de forma tão intensa que debilita qualquer profundidade e
contextualização das notícias. E o problema não é de hoje. O filósofo e
padagogo Paulo Freire de um certo modo já apontava o dedo nessa ferida. Para
ele, a “mídia” mostrava-se muitas vezes distante da realidade brasileira,
falando da elite para a elite. As elites que manipulam esses meios estão mais
preocupados em “enfiar” na cabeça do povo determinadas informações. Ao invés de
estimular a curiosidade, o exercício crítico por parte dos leitores, ouvintes
ou telespectadores, na verdade exercem um tirano trabalho de transmissão de informações,
como se as pessoas fossem coisas que devem ser preenchidas com determinados
conteúdos. Muitos jornalistas, pela falta de rigor e profissionalismo, não se dão conta de que repetem o discurso da
fonte, atendendo a seus interesses particulares e não aos do público. Esta
atitude maliciosa não auxilia a objetividade jornalística, mas a afasta do
ideal da atividade imparcial, justa, investigativa, informativa, cultural e
"menos sensacionalista".
Por Claudio Castoriadis
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |