sábado, 3 de novembro de 2012

Lévi-Strauss (1908-2009)



Filho de intelectuais franceses de origem judaica, Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1908. Ainda criança mudou-se para a França, onde, mais tarde, estudou Direito e Filosofia na Universidade de Sorbonne, em Paris. O antropólogo fez parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre, e comandou por mais de 20 anos o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.

O pensamento de Lévi-Straus é o respeito à natureza da sociedade em geral, mas também a relação da sociedade com a própria natureza observa Velho. Seu discurso sobre o pensamento selvagem relativiza a noção de primitivismo, mostrando a riqueza do chamado pensamento primitivo e revendo a própria noção de humanidade. 

Aos 26 anos, em 1934, Lévi-Strauss, ainda um jovem professor de filosofia, recebe um convite para lecionar na Universidade de São Paulo a disciplina de sociologia, com a promessa de poder fazer pesquisa de campo, aos finais de semana, pois, segundo Célestien Bouglé, o responsável pelo convite, “os subúrbios de São Paulo estavam coalhados de índios” (LÉVI-STRAUSS, 1993,32).

Lecionando na Universidade de São Paulo entre 1935 e 1939, Lévi-Strauss fundou o departamento de Ciências Sociais do então recém-fundado centro de ensino. Foi no Brasil que o pensador iniciou seu estudo sobre os índios, despertando sua vocação para a antropologia. Em diversas viagens ao interior do Brasil, ao Norte do Paraná, a Goiás e ao Mato Grosso, Lévi-Strauss passou a conviver diariamente com tribos indígenas. O relato dessa exploração por terras brasileiras transformou-se no livro Tristes trópicos, de 1955, até hoje sua obra mais conhecida. A publicação foi encomendada pela editora francesa Plon para fazer parte de uma série etnográfica chamada Terra humana. Lévi-Strauss se destacou e escreveu uma obra de arte, segundo os críticos, que se diferencia de um relato erudito, por representar a alma do autor. 

A antropóloga da Universidade de São Paulo (USP), Sylvia Caiuby, diz que ao conviver com os bororos, os nhambiquaras e outras etnias, Lévi-Strauss chegou a uma conclusão inovadora.

“Que o modo de pensar dos índios é absolutamente idêntico ao nosso e o que o Lévi-Strauss vai mostrar é essa universalidade do pensamento humano, seja o pensamento dos ditos povos selvagens, seja o pensamento dos ditos povos civilizados. A importância disso é mostrar que, na verdade, não se pode hierarquizar povos, não se pode hierarquizar culturas, como se alguns fossem superiores a outros”, explicou ela.

A obra de Strauss é referência em todas as escolas de ciências humanas ao redor do mundo. A importância do antropólogo também já foi reconhecida diversas vezes: em 1973, o pensador foi eleito membro da Academia Francesa; fez parte, ainda, da Academia Nacional de Ciências do Estados Unidos, da Academia Americana e do Instituto de Artes e Letras, todos no Estados Unidos. 



Por Claudio Castoriadis
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