Filho de intelectuais franceses
de origem judaica, Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1908. Ainda
criança mudou-se para a França, onde, mais tarde, estudou Direito e Filosofia
na Universidade de Sorbonne, em Paris. O antropólogo fez parte do círculo
intelectual de Jean Paul Sartre, e comandou por mais de 20 anos o departamento
de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em
1982.
O pensamento de Lévi-Straus é o
respeito à natureza da sociedade em geral, mas também a relação da sociedade
com a própria natureza observa Velho. Seu discurso sobre o pensamento selvagem
relativiza a noção de primitivismo, mostrando a riqueza do chamado pensamento
primitivo e revendo a própria noção de humanidade.
Aos 26 anos, em 1934, Lévi-Strauss,
ainda um jovem professor de filosofia, recebe um convite para lecionar na
Universidade de São Paulo a disciplina de sociologia, com a promessa de poder
fazer pesquisa de campo, aos finais de semana, pois, segundo Célestien Bouglé,
o responsável pelo convite, “os subúrbios de São Paulo estavam coalhados de
índios” (LÉVI-STRAUSS, 1993,32).
Lecionando na Universidade de São
Paulo entre 1935 e 1939, Lévi-Strauss fundou o departamento de Ciências Sociais
do então recém-fundado centro de ensino. Foi no Brasil que o pensador iniciou
seu estudo sobre os índios, despertando sua vocação para a antropologia. Em
diversas viagens ao interior do Brasil, ao Norte do Paraná, a Goiás e ao Mato
Grosso, Lévi-Strauss passou a conviver diariamente com tribos indígenas. O relato
dessa exploração por terras brasileiras transformou-se no livro Tristes
trópicos, de 1955, até hoje sua obra mais conhecida. A publicação foi
encomendada pela editora francesa Plon para fazer parte de uma série
etnográfica chamada Terra humana. Lévi-Strauss se destacou e escreveu uma obra
de arte, segundo os críticos, que se diferencia de um relato erudito, por
representar a alma do autor.
A antropóloga da Universidade de
São Paulo (USP), Sylvia Caiuby, diz que ao conviver com os bororos, os
nhambiquaras e outras etnias, Lévi-Strauss chegou a uma conclusão inovadora.
“Que o modo de pensar dos índios
é absolutamente idêntico ao nosso e o que o Lévi-Strauss vai mostrar é essa
universalidade do pensamento humano, seja o pensamento dos ditos povos
selvagens, seja o pensamento dos ditos povos civilizados. A importância disso é
mostrar que, na verdade, não se pode hierarquizar povos, não se pode
hierarquizar culturas, como se alguns fossem superiores a outros”, explicou
ela.
A obra de Strauss é referência em
todas as escolas de ciências humanas ao redor do mundo. A importância do
antropólogo também já foi reconhecida diversas vezes: em 1973, o pensador foi
eleito membro da Academia Francesa; fez parte, ainda, da Academia Nacional de
Ciências do Estados Unidos, da Academia Americana e do Instituto de Artes e
Letras, todos no Estados Unidos.
Por Claudio Castoriadis