Nascido em Rosimari, uma aldeia
nos Cárpatos, na montanha, a 12 km de Sibiu-Hermanstad (Nagyszeben, em
húngaro), então uma cidade importante do Império Áustro-Húngaro, em que
coabitavam as etnias alemã, húngara e romena. Durante a guerra de 14 (com três
anos), seus pais foram deportados pelos húngaros, e Cioran, sua irmã e seu
irmão ficaram com a avó. Aos dez anos (1921) deixou a aldeia para entrar no
colégio de Sibiu. Aos vinte anos, em 1931, em Sibiu, Cioran diz ter vivido o
grande drama de sua vida, que o marcou definitamente, o início de sua insônia. Com
22 anos escreveu seu primeiro livro, em 1933, No cume do Desespero, publicado
em 1934. Havia terminado seus estudos de filosofia, em 1937, em Bucareste e não
conseguia ser professor por causa da insônia.
Em 1937, Cioran veio para Paris
como bolsista do Instituto Francês de Bucareste. Sua dedicação à escrita e
reescrita de sua obra fez com que a crítica o considerasse um dos maiores
prosadores da língua francesa desde Valéry. Suas obras se caracterizaram pelo
pessimismo. Para ele, o suicídio era uma possibilidade sempre aberta. "Só
vivo porque posso morrer quando quiser. Sem a ideia do suicídio já teria me
matado há muito tempo", costumava dizer. A interessante característica de
Cioran é a tentativa de lutar contra o niilismo existencial por significados
niilistas. Diferente de seus contemporâneos, Cioran é averso ao pessimismo clichê
dos intelectuais modernos que lamentam paraísos perdidos, e que continuam
pontificando sobre o fim do progresso econômico. Inquestionavelmente, o
discurso literário da modernidade tem contribuído para essa disposição do falso
pessimismo, embora esse pessimismo pareça ser mais induzido por apetites
econômicos frustrados, e menos, pelo que Cioran fala, “alienação metafísica”.
Contrário ao existencialismo de J.P. Sartre, que foca na ruptura entre ser e
não-ser, Cioran lamenta a divisão entre a linguagem e a realidade e, portanto,
a dificuldade de transmitir inteiramente a visão da insignificância
existencial. Em um tipo de alienação popularizada por escritores modernos.
A filosofia de Cioran carrega uma
forte marca de Friedrich Nietzsche. Embora seu
incorrigível pessimismo muitas vezes chama a “Weltschmerz” de Nietzsche, sua
linguagem clássica e sua rígida sintaxe raramente tolera narrativas românticas
ou líricas, nem as explosões sentimentais que pode-se encontrar na prosa de
Nietzsche. Seu formalismo na linguagem, sua impecável escolha das palavras,
apesar de algumas similaridades com autores modernos do mesmo calibre elitista,
o torna difícil de seguir. Pode-se admirar o arsenal de palavras de Cioran como
um sintoma de “esquizofrenia poética”. Aos 84 anos, morre de mal de Alzheimer.
Na terça-feira 20 de junho de 1995.
Obras traduzidas para o
português: (Sempre pela Editora Rocco) Breviário de Decomposição, História e
Utopia, O livro dos Logros e Silogismos da Amargura. A tentação de existir
(pela editora portuguesa Relógio d'Água).
Por Claudio Catoriadis
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |