Arthur Schopenhauer nasceu em
Dantzig, em 1788, de família ilustre, abastada e culta. Após a morte do pai,
que o queria encaminhar para a carreira administrativa, dedicou a sua vida ao
estudo e à filosofia. Viajou pela Europa toda, conhecendo assim homens e
costumes. Em 1813 formou-se e, alguns anos depois, começou a lecionar na
universidade de Berlim, onde imperava Hegel; mas o seu ensino, irracionalista e
pessimista, não teve êxito em face do racionalismo e otimismo de Hegel.
As universidades ignoravam a
ele e a seus livros, como que para comprovar que todos progressos em Filosofia
são feitos fora dos muros acadêmicos. "Nada" ofendia tanto aos sábios
alemães como Schopenhauer ser tão dissemelhante a eles. Dizia Nietzsche.
O temperamento de Schopenhauer
era seu polêmico cartão de visita: Antipático, altivo, impetuoso,
arrogante, absolutamente insensível, personalidade forte e
palavras amargas. Porém, não podemos negar que o mesmo teve seu charme
intelectual que influenciou futuros grandes mestres da filosofia e psicanálise.
A forma como escreveu, o cerne
de suas ideias caracterizava sua indiferença em relação às lacunas
racionalistas e otimistas nos benefícios do progresso filosóficos. Dessa forma,
o que estava em questão no interior das suas críticas era um desejo de libertar
o sujeito da camisa de força vestida pela crença em sua individualidade para
fundir-se no objeto, em uma entrega pura e plena - sendo uma e única realidade.
Tanto Hegel como Schopenhauer consideravam que a individualidade do ser humano
tem pouca importância, em Hegel por causa do anseio pelo Infinito, em
Schopenhauer por causa da individualidade como sendo uma aparência e uma
ilusão.
Ele possuía um sentimento
quase que paranoico de grandeza entre outros sentimentos megalomanícos; Certa
vez, ainda quando jovem, chegou a dizer “A
vida é um grave problema por resolver, e eu quero dedicar a minha vida a
resolver este problema” e mesmo com o passar do tempo, continuou com o mesmo
sentimento atacando os autores contemporâneos, “seus livros ruins” e “sua busca
pelo dinheiro”.
Não alcançando a fama e o
sucesso, voltou-se para dentro de si torturando sua própria alma. Jantava, em
geral, no Englischer Hof. Antes do
início de cada refeição colocava sempre uma moeda de ouro na mesa, diante dele,
e ao fim guardava-a de volta no bolso. Foi certamente algum curioso indignado
que por fim lhe perguntou o significado daquele invariável Cerimonial.
Schopenhauer respondeu que era uma aposta silenciosa que fazia consigo mesmo,
comprometendo-se ele a depositar a moeda na caixa dos pobres no primeiro dia
que os oficiais ingleses, também fregueses de lá, falassem de alguma coisa que
não fosse cavalos, mulheres ou cachorros.
Para além de sublinhada importância
concedida ao pessimismo, pano de fundo da filosofia shopenhaueriana. Podemos
questionar tal concepção quando a mesma no leva para uma espécie de “otimismo prático”, estruturado
pela eficiência da sabedoria de vida em nos desviar de certos males. Otimismo
onde pode-se incluir a libertação do fardo da vida perante um mergulho na
alegria da estética da natureza e da arte, momento sublime de libertação da
ferida da existência. Nesse contexto, a arte nos presentea com um descanso da
seriedade do vida.“Séria é a vida,
jovial é a arte”, já dizia Schiller. A experiência estética, pois, é um momento
beatífico, de iluminação e exuberância
Idoso, agora consagrado como
autor de “O Mundo como Vontade e Representação” foi descoberto como grande
filósofo pela imprensa inglesa. Vinha gente do mundo todo para vê-lo e no seu
septuagésimo aniversário, em 1858, choveram sobre ele congratulações de toda
parte e de todos os continentes. Foi comparado ao poeta pessimista italiano
Conde Giacomo Leopardi, e recebeu a visita do dramaturgo Friendrich Hebbel e do
estadista francês Foucher de Careil. Em 1858 a Academia Real de Ciências de
Berlim ofereceu-lhe o título de membro, que ele recusou. No Brasil também
encontramos seus admiradores em dois cultudos gênios da nossa literatura:
Machado de Assis e Augusto dos Anjos em obras
que muitas vezes ultrapassam as linhas da literatura e filosofia. Reservado,
Schopenhauer passou a viver em isolamento, preferindo a companhia dos cães à
companhia dos homens. O filósofo morreu em 21 de setembro de 1860, em
Frankfurt, de ataque cardíaco.
Por Claudio Castoriadis
Fonte
SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo
Como Vontade e Representação. Trad. de Jair Lopes Barbosa. São Paulo: Editora
UNESP, 2005.
BARBOZA, Jair. A Metafísica do
Belo de Arthur Schopenhauer. São Paulo: Editora Humanitas – FFLCH-USP, 2001.
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |