sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A natureza selvagem do escritor Jack London


Jack London foi certamente um dos maiores escritores em seu tempo e com o mesmo rigor é considerado um dos melhores do mundo. Personalidade profunda, vida consciente, pensante, tudo que escreveu foi criado a partir das suas experiências de vida inescapavelmente inusitada. Misturando o uso de técnicas do jornalismo e da literatura para narrar o encontro com as populações marginalizadas da capital da Inglaterra em 1902.

Nascido em São Francisco, Califórnia, em 12/01/1876, Jack London é filho ilegítimo de William Chaney, astrólogo e jornalista, e de Flora Wellman, que se acreditava espírita e médium vidente. Tinha oito meses de idade, quando sua mãe casou-se com John London, que o adotou.

Sua escolaridade era precária, porém, sendo um leitor voraz, o autodidatismo de Jack tornou possível seu ingresso em Berkeley. Contudo, abandonou a universidade, após um semestre, por julgá-la sem vida. Quando jovem viajou pelo mundo, trabalhando como marinheiro; depois percorreu grande parte dos Estados Unidos viajando clandestinamente em trens, sobrevivendo de esmolas. Chegou a ser preso por "vadiagem", e esta experiência fez com que ele conhecesse como o sistema penitenciário norte-americano realmente funcionava. Descobriu, por exemplo, que seus companheiros de cela não tiveram a chance de serem ouvidos por um juiz, o que ia contra as leis mais corriqueiras da justiça.

No decorrer das suas andanças descobriu o socialismo como fuga de uma realidade demarcada pela marginalização das pessoas. Sendo autodidata dominou as teorias mais avançadas de sua época, como o marxismo e a teoria da evolução de Darwin. Toda a sua obra reflete o engajamento social e revolucionário, o materialismo e o Socialismo. Por essas razões, muitos anos depois de sua morte, Jack London entrou para o índex do maccarthismo — a implacável perseguição movida na década de 50 pela burguesia arqui-reacionária dos EUA, contra toda e qualquer expressão socialista.

Dono da sua liberdade, do seu destino, escolheu ser sujeito da sua vida, não foi apenas mais um andarilho sobre a terra. Quis descobrir e afirmar suas verdades mais íntimas e essenciais. E fez isso com uma tenacidade louvável. A cada decisão que o levou às aventuras o que imperava era seu desejo de “enfrentar o mar” para buscar o que queria na verdade: uma vida que valesse a pena ser vivida. Nunca deixou de escrever, era um escritor ávido que costumava passar dias dedicando-se inteiramente à sua atividade. Interessava-se pelo território das guerras e das revoluções; acreditava firmemente na existência de um poder escondido por trás da democracia.

Seus primeiros contos foram rejeitados pelas editoras e revistas por longo tempo. Ele sabia que seus contos não eram contos degustáveis para o público estadunidense, pois este queria continuar lendo histórias vazias e açucaradas, e assim manter uma imagem idealizada da vida.

Tempos depois, quando finalmente conseguiu ser aceito e passou a ter fama e dinheiro, não se acomodou à confortável situação. Aprendera que valia a pena defender suas convicções, e que para isto tinha que pagar o preço de descontentar muitas pessoas, e o de ser combatido ferozmente por muitas delas. Continuou defendendo com unhas e dentes suas escolhas na vida pessoal e seu estilo na literatura, como vemos nesta carta enviada a um editor:

“Insisto agora, como sempre insisti, que a virtude literária cardeal é a sinceridade. Se estou errado nesta convicção e o mundo me renega, só me cabe dizer um adeus indiferente ao mundo e orgulhoso refugiar-me no rancho, plantar batatas e criar galinhas para conservar o estômago cheio. Foi a minha recusa de aceitar advertências sensatas que me fez o que sou hoje.”

Sua história tem vários momentos obscuros, em que não se tem informação. Segundo alguns biógrafos London cometeu suicídio aos 40 anos.  


Curiosidades:

-Mesmo longe da escola nunca deixou de ler nas horas livres, pois a experiência de ganhar o livro The Alhambra de Washington Irving aos oito anos de idade de sua professora primária marcou-o profundamente.

-O nome Jack teria sido adotado por ele durante sua adolescência, como um pseudônimo.

-London tinha como esperança mudar o mundo através de suas palavras. Jonas Raskin, em seu livro



Algumas Obras:


-O Lobo do Mar, 1904

-Antes de Adão, 1907

-O Andarilho das Estrelas, 1915

-Chamado da Floresta, 1903
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