terça-feira, 13 de agosto de 2013

Franz Kafka: a vida como um instante!!



Franz Kafka nasceu em Praga a 3 de julho de 1883, cidade que durante todos os 40 anos da vida do escritor pertenceu à monarquia austro-húngara. Filho de um abastado comerciante judeu, Kafka cresceu sob as influências de três culturas: a judia, a tcheca e a alemã. Formado em direito, ele fez parte, junto com outros escritores da época, da chamada Escola de Praga. Esse movimento era basicamente uma maneira de criação artística alicerçada em uma grande atração pelo realismo, uma inclinação à metafísica e uma síntese entre uma racional lucidez e um forte traço irônico. Suas obras também conseguem formalizar e abrigar leituras totalmente relacionadas com a condição do ser humano moderno. O olhar kafkiano é direcionado para coisas como a opressão burocrática das instituições, a "justiça" e a fragilidade do homem comum frente a problemas cotidianos

Kafka se referia à vida como um instante entre dois passos, levando em conta todas as gerações que nos precederam e todas as que virão depois de nós. No entanto, no decurso de sua existência, todo homem e toda mulher podem viver diferentes renascimentos, fracassos, recomeços e transformações. Enquanto estivermos nesse mundão, qualquer coisa pode ser planejada, experimentada, realizada. Somos um instante entre dois passos, mas esse instante contém todas as possibilidades do mundo.

As palavras de Kafka são sólidas ao mesmo tempo que são abstratas. Um pensamento pesado e rápido como uma guilhotina. Como todo texto traz consigo algo não dito, o pensamento do escritor judeu traz um arcabouço de sentidos e instantes que qualificam a vida.

Se levarmos em consideração o instante do cotidiano de que falava Kafka, certamente podemos tirar bom proveito do tempo experimentando com a vida, pois é possível de um simples ato acontecer um momento especial. Não somos eternos, afirma Kafka, mas dispomos de dias repletos de possibilidades.

Conta-se que Kafka mantinha uma rotina ao mesmo tempo rigorosa e estranha: ao voltar do trabalho, fazia a sesta das 15h às 19h30. Depois dava um passeio de uma hora, jantava com os pais e escrevia até as 23h, atividade que poderia se prolongar até as 2h ou 3h da madrugada, às vezes até mais tarde. Kafka dizia que certas leituras tinham uma capacidade muito diferente: a de nos permitir quebrar nossa carapaça para poder ver o que há debaixo dela:

Necessitamos dos livros que nos afetam como um desastre, que nos afligem profundamente como a morte de alguém que amamos mais que a nós mesmos, como estar perdido sozinho num bosque, como um suicídio.

Franz Kafka 



Por Claudio Castoriadis
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