segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Arte e absoluto em Hegel




Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão do século XVIII, nasceu em 1770 na cidade de Stuttgart. Foi influenciado pelas ideias iluministas de sua época, contudo, percebeu as limitações desta corrente teórica e tentou recuperar a discussão sobre Deus, entendido por ele como o Absoluto. Hegel é um dos principais expoentes do idealismo alemão. Sua ambição intelectual consistiu em expressar a unidade do todo mediante uma síntese universal. A filosofia hegeliana pode ser descrita na realização do Espírito em suas manifestações, nas quais desenvolve a consciência de si através da dialética da lei universal do devir.

O contexto histórico no qual o autor se insere, os séculos XVIII e XIX, corresponde ao período do florescimento da filosofia moderna, momento em que o sujeito se coloca como objeto do conhecimento, ocupando-se do pensamento.
 
O filósofo Hegel afirma a arte enquanto expressão da liberdade, visto que por meio dela o Absoluto se manifesta na finitude anunciando a reconciliação entre espírito e natureza, matéria e forma, mediante a possibilidade de unir essas duas dimensões no conteúdo por ela expresso em suas produções artísticas. Assim, mediante a contemplação do belo na arte o espírito finito encontra a possibilidade de ascender à esfera do infinito e desvelar a consciência da liberdade, o saber que se sabe livre.
 
Também é possível afirmar que o espírito finito por ter em si a dualidade na natureza e do espírito, mesmo estando atrelado nas necessidades finitas, está inconscientemente em busca de sua liberdade. 
 
A estética hegeliana assinala, através da dialética do pensamento conceitual e da existência fenomênica do belo artístico, para uma visão da totalidade e universalidade da ideia de liberdade que é intrínseca ao “Absoluto” e, por extensão, também o é ao espírito finito, já que nele reside a síntese entre a natureza e o espírito.

O conceito de arte em Hegel compreende a consideração do fenômeno concreto e histórico através do qual esse conceito se revela, pois a arte é um aparecer que não se restringe à matéria exterior, mas que expressa o universal. O conceito de arte se desenvolve a partir de uma dinâmica interna do Espírito que se dá a conhecer e se concretiza em suas representações artísticas.

A arte, em sua essência, por si só é essencialmente livre, não se vincula a interesses ou necessidades imediatas, mas antes, aponta para a contemplação da ideia da beleza que prescinde do caráter utilitário. E a liberdade tem, em sua constituição, o não atrelamento às querelas finitas, é o livre desprendimento das necessidades e interesses que a possam cercear. Deste modo se estabelece a relação entre elas como expressão da consciência de liberdade que o espírito finito vai progressivamente adquirindo mediante o desenvolvimento de sua racionalidade.
 
Sendo assim compreendemos a arte enquanto o brilho sensível do espírito absoluto. Segundo Hegel, devemos filosofar a partir do universal que se manifesta e se dá a conhecer mediante o seu processo de desvelamento histórico-conceitual.

A estética seria produto do espírito e manifestação de sua imagem na esfera sensível, já que através dela é possível contemplar o infinito. Por meio da arte se pode vislumbrar o brilho sensível da ideia.

Imerso em inúmeras necessidades imediatas e perante a insatisfação delas proveniente, o espírito busca formas que o ajude a suprir tais necessidades, até o momento em que se apercebe de que a resolução da contradição entre Espírito e Natureza deve ser buscada no domínio que lhe comunique a satisfação no saber e no conhecimento, pois aquele que não sabe não é livre.
  
Desse modo, a novidade do sistema de Hegel é o fato dele estabelecer que o Espírito se autogera a partir de sua determinação, pois ele é sempre ativo e, sendo assim, sempre está realizando-se através da finitude, porém também está sempre superando essa finitude e retornando a si própria. Esse movimento é o que constitui a essência desse manifestar-se, desse autogerar-se, o qual é comparável a um círculo que percorre todos os pontos e tende sempre a retornar à identidade perfeita consigo mesmo, pois em Hegel o infinito é descrito como o positivo que se realiza em sua negação, em sua determinação.

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