Todo texto é visto e lido de
várias maneiras, cada pessoa passa ideias para outras pessoas com suas
particularidades. A forma como vejo a figura do Jesus Cristo quando esteve em
nosso meio, segundo consta nas escrituras, foi um exemplo de como lidar com o
próximo e nossos desejos. Agiu em conformidade com importantes princípios dos
direitos humanos, uma política equilibrada. Se o mundo de hoje anda fora dos
trilhos: protestos anticapitalistas, divisões de classes, guerras, movimentos
ecológicos, militantes pacifistas, fundamentalismo, redes de terroristas,
certamente o estopim para essa química se encontra no desejo de poder. Na mesma
esteira temos o egoísmo e a autoridade que
levam à negação da liberdade do outro. Vejamos a seguinte passagem da
bíblia que reforça esse argumento:
Novamente o transportou o diabo a
um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.
E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe
Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só
a ele servirás. Então o diabo o deixou. (Evangelho de Mateus 4.08-11)
Pois bem, não é de hoje que o
poder, a posse e o controle são desejados pelo ser humano desde sua existência.
E, segundo o sentido dessa passagem aquilo que o Jesus Cristo rejeitou, nós
aceitamos. Usando essa lógica, faz séculos que aceitamos a oferta dEle, Satanás
( Diabo). É bom ressaltar que em hebraico antigo a palavra diabo vem de
diabolos, diabulum, que significa aquele que divide, que separa, que causa
discórdia, que separa uma comunidade.
Mas, voltando ao sentido dessa
reflexão, consideremos que aquilo que Cristo recusou com bravura, o homem de
hoje mergulhou sem remoço. Muitos estão ganhando o “mundo” e perdendo suas
“almas”. Isto é o que diz essa citação.
Qual a lição que podemos
apreender nessa passagem? Ora, o poder é algo cobiçado, intrínseco a natureza
humana - alvo de tentação. O Cristo foi tentado a se prostrar, se curvar perante o desejo diante de Satanás
para obter a glória dos reinos deste mundo, porém, recusou tal proposta. Agora
uma pergunta: se Cristo se negou a usufruir da glória e do poder, seus
seguidores não deveriam seguir seu exemplo? Jesus Cristo, um exemplo de
revolução com humildade.
Por Claudio Castoriadis