Já dizia o intelectual Adler
que o neurótico é vítima da realidade imaginária que elegeu como diretriz ou
finalidade de vida. Dito de outra forma, é o sujeito que escolhe um fim
fictício para dar sentido à existência e busca satisfazer, simultaneamente, as
exigências do mundo real e desse universo por ele inventado, mantendo-se cativo
de uma tormentosa ambivalência.
Pois bem, quando a neurose passa ser algo incontrolável? Uma anomalia
psíquica? Um transtorno antissocial da personalidade? Alterando a conduta
social do indivíduo se convertendo em anomalia patologicamente alterada? Qual o
resultado desse tipo de transtorno?
Quantas vezes você chegou a pensar
sobre essas questões em seu cotidiano? Melhor, você observa com cautela o
comportamento específico de certos indivíduos? Geralmente o diagnóstico ou soma
desses fatores resulta em psicopatia. Nesse caso, todo cuidado é pouco. A natureza dos psicopatas é devastadora,
assustadora, e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender
aquilo que contradiz a própria natureza humana. Com isso, temos o objeto da
ação de um psicopata, uma mente com sérios traumas, abismos desconhecidos. Importante lembrar que
nem todos os psicopatas são assassinos compulsivos ou criminosos, como você
pode pensar. Alguns, aparentemente, são pessoas comuns. Na verdade, 1% a 3% da
população em geral tem fortes tendências psicopatas. Também não pense que se trata de um maluco beleza.
O livro da Dra. Ana Beatriz
Barbosa – MENTES PERIGOSAS - deixa claro que ninguém vira psicopata da noite
para o dia: eles nascem assim e permanecem assim durante toda a sua existência.
Os psicopatas apresentam em sua história de vida alterações comportamentais
sérias, desde a mais tenra infância até os seus últimos dias, relevando que
antes de tudo, a psicopatia se traduz numa maneira de ser, existir e perceber o
mundo (BARBOSA, 2008, p. 170). Além do mais, as crianças que mentem sem sentir
e tornam esta atitude um hábito normal em seu desenvolvimento, podem tornar-se
sérios candidatos á Psicopatia na fase adolescência/adulto.
Podemos afirmar que a
psicopatia não tem cura? Segundo alguns especialistas, não. Por se tratar de um
transtorno da personalidade e não uma fase de alterações comportamentais
momentâneas. Sei que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca
experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, o menor sentimento
de culpa, remorso por desapontar, magoar, enganar ou
até mesmo tirar a vida de alguém. Um outro argumento que merece ser mencionado é o da psicóloga Jennifer Skeem, da Universidade da Califórnia em Irvine, que sugere que essas pessoas podem se beneficiar da psicoterapia como qualquer outra. Mesmo que seja muito difícil mudar comportamentos psicopatas, a terapia pode ajudar a pessoa a respeitar regras sociais e prevenir atos criminosos.
Conceito
A palavra psicopatia, etimologicamente,
vem do grego psyché, alma, e pathos, enfermidade. O conceito de psicopatia não
é consenso entre os especialistas, entretanto, apesar das inúmeras definições
diversificadas, acorda-se que a psicopatia é um transtorno da personalidade e
não, uma doença mental.
A Associação Americana de
Psiquiatria (American Psychiatric Association – APA) prefere a expressão
Transtorno da Personalidade Antissocial sob o código 301.7. Em seu manual
DSM-IV-TR[2] – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a instituição apresenta
critérios diagnósticos do transtorno:
Critérios Diagnósticos para
Transtorno da Personalidade Antissocial
A. Um padrão global de
desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos,
como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
1- incapacidade de adequar-se
às normas sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada pela execução
repetida de atos que constituem motivo de detenção
2- propensão para enganar,
indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para
obter vantagens pessoais ou prazer
3- impulsividade ou fracasso
em fazer planos para o futuro
4- irritabilidade e
agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
5- desrespeito irresponsável
pela segurança própria ou alheia
6- irresponsabilidade
consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento
laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras
7- ausência de remorso,
indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou
roubado alguém
B. O indivíduo tem no mínimo
18 anos de idade.
C. Existem evidências de
Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do
comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de
Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
Com o perdão da palavra, é melhor parar para pensar bem com quem você se relaciona. As vezes temos um carro bomba em nossa garagem ou no quintal do vizinho. Enfim, não é possível fazer um
diagnóstico apenas observando informalmente, toda pessoa com algum transtorno psicológico só terá o diagnóstico depois de devidamente atendida por um psicólogo ou psiquiatra.
Por Claudio Castoriadis
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Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |