Meus
heróis não morreram de overdose – estão sendo mortos, queimados por filhos de
burgueses, estão mendigando atenção debaixo das pontes, estão sobrevivendo dia
após dia com um salário miserável. Meus heróis se encontram humilhados devido
uma hedionda ideia de classe social,
estão sendo mortos devido a sua cor,
estão rastejando em um moribundo mundo de preconceitos, meus heróis lutam por
sua liberdade de expressão nas ruas, reivindicando por cada suspiro de
esperança de uma vida menos sofrida, meus heróis estão combatendo o comércio
monstruoso de crianças, a prostituição infantil, se debatem mediante a podridão
das autoridades dos estados, são fieis à terra, ao sagrado da vida, morrendo
esmagados pela peçonha dos interesses espúrios dos latifundiários. Meus heróis
vivem de cabeça erguida nas favelas que se espalham por todo meu País, meus
heróis estão sendo violentados, expulsos de suas terras, bombardeados por
monstros, chorando por suas crianças, em cemitérios, ruas industrializadas,
entrelaçados por carvão, ferro, petróleo, selvas e lamaçais. Meus heróis, minha
gente, meu País, meu mundo. A matéria real nos presenteou com o sopro da
esperança: um dia seremos um, e a nossa liberdade não poderá ser amputada nem
com o fogo e com a espada.
Por Claudio Castoriadis