Karl Popper é a principal
referência da epistemologia contemporânea e suas ideias, constituem o mais
importante desenvolvimento da filosofia do século XX. A grandeza de seu
pensamento decorre da fecundidade e alcance de sua obra, traduzida em mais de
20 idiomas, cujos principais títulos, em forma de livro, são: A lógica da
pesquisa científica (1934), A miséria do historicismo (1944- 1945), A sociedade
aberta e seus inimigos (1945), Conjecturas e Refutações (1963), Conhecimento
Objetivo (1972), Autobiografia intelectual (1974), O eu e seu cérebro, escrito
em parceria com John C. Eccles (1977), Os dois grandes problemas da teoria do
conhecimento (preparado na década de 1930, mas publicado apenas em 1979), a
trilogia Pós-Escrito à Lógica da Pesquisa Científica (1982-1983), Um mundo de
propensões (1990) e O mito do contexto (1994). Entre as publicações póstumas,
destacam-se: Em busca de um mundo melhor (1995), A lição deste século (1996), O
mundo de Parmênides (1998) e A vida é aprendizagem (1999).
Popper é reconhecido pela
originalidade de sua posição filosófica acerca da ciência. desenvolveu uma
abordagem crítica em relação à tendência positivista. Para ele, nosso
conhecimento, incluindo o conhecimento científico, é sempre falível,
conjectural e passível de erro. Seu racionalismo crítico, como ficou conhecido
o núcleo de seu pensamento, coloca-se frontalmente contra algumas das
principais construções teóricas de seu tempo, sobretudo a psicanálise de Freud, a
Psicologia Individual de Adler e o Marxismo. A base ética do pensamento
popperiano assenta-se na compreensão dos limites do conhecimento humano, de sua
fragilidade, e da absoluta falta de condições de se estabelecer um critério de
verdade.
A influência exercida pelo
cristianismo parece improvável diante das declarações de muitos filósofos e
cientistas de que Popper era um ardoroso ateísta, mesmo que ele dissesse com
frequência considerar-se a si próprio agnóstico. Em resposta à inclinação de
muitos chalatões e intelectuais de retórica teatral, creio que convém examinar, o que o próprio Karl
disse a respeito da religião em geral, e claro, do cristianimo.
Em sua obra, A sociedade aberta e seus inimigos.
Apesar da crítica deixou bem claro que alguns dos maiores pensadores cristãos
repudiavam essa teoria historicista como idolatria. E acrescenta: “Um ataque a essa forma de historicismo não
deve ser interpretado por conseguinte, como um ataque à religião”. Penso que
nessa afirmação o mestre karl Pooper foi bem claro. Mas, vamos acrecenta nessa
problemática sua declaração mais direta: “Sou
tudo menos um adversário da religião”. ( AutoBiografia).
Poder-se-ia até mesmo dizer o
que Popper tinha em mente ao problematizar a religião eram essas formas de
autoridade cega, fanatismo ou dogmas mumificados que parecem torna-se cada vez
mais sólidos em nossos dias. Porém, que fique bem claro, uma religião baseada
nas ideias de responsabilidade pessoal, liberdade de pensar, consciência, solidariedade com o
próximo, igualdade, isto é, o cristianimo em seu sentido mais amplo, tem muito
em comum com a ética do pensador Karl Popper.
Pois bem, a influência da ética
cristã é vista com clareza na seguinte afirmação de Popper:
O mais importante dos Dez mandamentos diz: “Não matarás”. Ele contem
quase a totalidade da ética. O modo por exemplo como shopenhauer formula a
ética é apenas uma extensão desse que é o mais importante mandamento. A ética
de shopenhauer é simples, direta, clara. Ele diz: “não faças mal a ninguém, mas
ajuda a todos, da melhor forma que puderes”
Por Claudio Castoriadis
Fontes
Popper, K. Em busca de um
mundo melhor. São Paulo, Martins fontes, 2006.
Ensaios sobre o pensamento de Karl Popper / Paulo Eduardo de Oliveira (org.). Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012.