Mil platôs- Volume 5 é o mais
profundo trabalho político de Deleuze e Guattari. O livro não tem uma linguagem
fácil e de imediata compreensão para o grande público. Se bem que uma linguagem
hermética não visa afastar leitores, mas sim, informar os mesmos didaticamente
sem fazer sentenças mais compreensíveis
aos leigos em filosofia que pode levar a um empobrecimento no uso da disciplina
em seu sentido clássico. Enfim, sobre a
obra e suas últimas descobertas, a primeira vista, ela parece, na verdade, um longo manual de instruções, tirando todas as
dúvidas e com todas as receitas para a prática de uma boa ação política. Deleuze
e Guattari apresentam com uma rica terminologia dicotomica no campo social e
político: “o Estado e a máquina de guerra”, “o sedentário e o nômade”, “territorialização
e desterritorialização”, “o estriado e o liso”, e assim por diante. As
distinções parecem proliferar infinitamente, mas todas elas giram em torno de
um único eixo. O mundo é dividido em compartimentos e o texto nos convida a
censurar uma esfera e afirmar outra — Abaixo o Estado! Viva a máquina de guerra
nômade! Se ao menos a política fosse tão simples.
No entanto, ao prosseguirmos na
leitura, percebemos que Deleuze e Guattari, com abundância de termos técnicos,
como era de se esperar desses dois mestres na escrita, reviram vários pontos
de vista dessa clara série de distinções. Abrindo um leque de possibilidades, onde
os termos contrastantes, que alguns pensam como antípodas, não estão em
oposição absoluta um com o outro. Os termos de cada distinção não são postos em
contradição, mas sim em uma relação oblíqua ou diagonal, diferente e
desconjunta. Não obstante, quando
analisarmos cada par mais de perto, descobrimos que nenhum termo é realmente
puro, ou exclusivo de seu outro. Estado
sempre contém internalizada uma máquina de guerra institucionalizada; todo
movimento de desterritorialização carrega consigo elementos de
reterritorialização. As próprias fronteiras que separam os termos emparelhados,
estão continuamente em fluxo. Finalmente, o que parecia ser o caminho
assinalado da liberação revela, por vezes, conter paradoxalmente a dominação
mais brutal: o alisamento do espaço social traz, às vezes, uma rigorosa
hipersegmentação por interesses a fins; linhas de fuga revertem-se frequentemente
em linhas de destruição, tendendo assim ao fascismo e ao suicídio entre outros
males do o convívio social. A obra é organizada em quinze "platôs",
que podem ser lidos de forma independente. O volume 5 inclui os platôs 12) 1227
- Tratado de nomadologia: a máquina de guerra; 13) 7.000 a.C. - Aparelho de
captura; 14) 1440 - O liso e o estriado; e 15) Conclusão: Regras concretas e
máquinas abstratas.
Fica mais uma dica de leitura!
Cultura e filosofia para todos.
Por Claudio Castoriadis
Mil platôs - vol. 5
Capitalismo e esquizofrenia
Gilles Deleuze
Félix Guattari
Tradução de Peter Pál Pelbart e Janice Caiafa
Revisão técnica de Luiz B. L. Orlandi
Coleção Trans
264 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-73260-57-1
1997 - 1ª edição; 2012 - 2ª edição
Edição conforme o acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |