Gilles Deleuze (1925-1995), foi um pensador vinculado aos denominados movimentos
pós-estruturalistas, categorizações que o próprio Deleuze questionava pelo que
trazem, ainda, da visão e luta pelo idêntico. Suas teorias acerca da diferença
e da singularidade nos desafiam a pensar os temas mais caros da filosofia contemporânea.
Gilles Deleuze em sua trajetória intelectual, geralmente com um espírito
explosivo, trabalhou seu pensamento da maneira mais produtiva possível - levando
em consideração não apenas a filosofia de diferentes épocas, mas também as
ciências, as artes e literatura. Não se pode desprezar a quantidade e a qualidade
dos textos de Deleuze sobre as mais diversas áreas do conhecimento.
Roberto
Machado nos lembra que para Deleuze, fazer Filosofia é muito mais do que uma
tarefa de repetição e reflexão sobre fatos. A filosofia é antes de tudo, um
processo de criação. Segundo o filósofo Deleuze, a história da filosofia é
ponto de partida para uma apropriação e criação de ideias, em um contexto
imanente, onde gravitam e se articulam os conceitos. Deleuze sugere que a
filosofia seja a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos. Sendo assim,
a filosofia é um pensamento que, em vista da tradição histórica, não repete os
filósofos, mas subverte a filosofia deles, transformando e experimentando as
mesmas. Temos então com sua teoria um convite para observamos uma radiografia
da filosofia, uma necessidade de reconfigurar padrões e garantias de controle
que vingam através das noções básicas de conceito e ideias no plano de
imanência onde o trabalho do filósofo é aqui amparado pelo do historiador da
filosofia.
Talvez só possamos colocar a questão O que é a filosofia? Tardiamente,
quando chega a velhice, e a hora de falar concretamente. De fato, a
bibliografia é muito magra. Esta é uma questão que enfrentamos numa agitação
discreta, à meia-noite, quando nada mais resta a perguntar. Antigamente nós a
formulávamos, não deixávamos de formulá-la, mas de maneira muito indireta ou
oblíqua, demasiadamente artificial, abstrata de mais; expúnhamos a questão, mas
dominando-a pela rama, sem deixar-nos engolir por ela. Não estávamos
suficientemente sóbrios. Tínhamos muita vontade de fazer filosofia, não nos
perguntávamos o que ela era, salvo por exercício de estilo; não tínhamos
atingido este ponto de não-estilo em que se pode dizer enfim: mas o que é isso
que fiz toda a minha vida? Há casos em que a velhice dá, não uma eterna
juventude mas, ao contrário, uma soberana liberdade, uma necessidade pura em
que se desfruta de um momento de graça entre a vida e a morte, e em que todas
as peças da máquina se combinam para enviar ao porvir um traço que atravesse as
eras...
Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Por Claudio Castoriadis
Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura > |