domingo, 26 de agosto de 2012

Soldadinho de chunbo

Tem dias que eu acordo tão sacana quanto as mulheres do Charles Bukowski, outros dias sou um ridículo dos contos do Dostoievski, na maioria da vezes minha mente se perde na trama dos símbolos dos poetas gregos, em momentos de fúria me vejo no velho lobo do mar do Jack London e quando sou sufocado por qualquer ternura sou o soldadinho de chunbo perneta do Christian Andersen. 

Por Claudio Catoriadis

Dionísio despedaçado


                                                                
                                                                                                                                           
Em um simplório vilarejo de Roecken (saxônia) nas redondezas de Leipzig, aldeiazinha da Prússia, a 15 de outubro de 1844, nasce Friedrich Wilhelm Nietzsche. Filho de Karl Ludwig Nietzsche e de Franziska Oehler - ele traz os prenomes do rei da Prússia-, sendo descendente direto, de ambos os lados da família, de uma longa série de teólogos e pastores luteranos. Nietzsche foi educado em Naumburg, num meio feminino, sob os cuidados da mãe, ele era uma criança prodígio; suas dissertações e ensaios de composições musicais esboçam desde cedo uma criança precisamente brilhante e prodígio. No período de onze anos foi professor de grego latim na então cultuada universidade da Basiléia, na suíça. De imediato sua estada nessa cidade foi tranqüila onde nos primeiros anos dava regulamente cursos, palestras e dedicava-se seriamente a escrita. Entretanto, vale ressaltar que, nem a filologia nem o ensino proporcionavam-lhe alegria; ainda assim, tal época foi ponto determinante em sua carreira, afinal, descobriu Schopenhauer e, foi ingresso no circulo familiar de Wagner1, referências intelectuais com quem havia entrado em contato ainda quando estudava em Leipzig. Embora perenemente frágil Nietzsche ficou conhecido por suas peregrinações e viagens, sempre em busca de lugares favoráveis para expressar suas ideias que culminavam em seu espírito. Em meio a crises, onde muitas vezes, não podia ler e escrever confessava ser seu pensamento derradeiro e único consolo. De estação em estação, habituado à pérfida condição de pensador solitário errante, Nietzsche Viveu quase sempre em miseráveis moradias tencionando organizar uma existência tranqüila em sua conturbada e melancólica vida passando a escolher criteriosamente climas favoráveis para sua saúde e produção intelectual. Com isso, em meio a suas constantes e longas andanças ocorre um dos momentos mais memoráveis não só para Nietzsche como também para filosofia, em meados de agosto de 1881, o deslumbramento do eterno retorno atravessou-lhe o espírito. Uma experiência singular vivida durante uma de suas caminhadas costumeiras a margem do lago de Silva plana em Sils-Maria. Tomado pela euforia dessa visão Nietzsche tratou de conservar tal pensamento no mais recôndito de seu coração. Mas, logo em seguida contemplara seus leitores com a riqueza dessa doutrina nas cultuadas páginas de um de seus mais belos livros: A Gaia Ciência.

       Sua influência pesou nas mais diversas escolas filosóficas ao longo do século XX, amado por muitos e desprezado por outros, Nietzsche se tornou um fenômeno sem paralelos na história da filosofia. A característica principal do “evento Nietzsche” sem sombra de dúvidas foi sua afinidade com a figura de Dionísio2 que no pensamento esotérico dos dionisíacos é puro ato presente em toda parte, eternamente anelante da potência. Símbolo de todas as forças da natureza, Dionísio deus da terra, um ser vivo que engloba o homem e lhe da o verdadeiro sentido da existência. De fato, o estupor causado por essa encarnação divina encontrou em Nietzsche um fiel seguidor que habitou no beço do drama, vivendo, em carne e osso: a dissolução trazida pelo culto a vida. Com extremo rigor, Nietzsche não apenas sentiu como também viveu muito da concepção dionisíaca, marcando-a com precisos traços de sua psicologia pessoal. De certo modo sua genialidade foi singular por se aproveitar de tal simbólica para servir de símbolo acreditando ser mesmo um nobre solitário, reflexo humano de Dionísio. Sempre solitário, vivendo sua agonizante solidão como seu último recurso, agraciado por ter um espírito cheio de amor e sabedoria e, constantemente torturado por não encontrar receptáculo. Certamente por não encontrar quem quisesse seu saber, em Nietzsche tudo era melancolia, angústia e fúria, constantemente pairando em um universo perturbado por dolorosas experiências e desilusões, sem ajuda, sem princípios, sem esperança, sem pátria, sem uma única lembrança amiga. Porém, sua exuberante solidão encontrava-se cheia de luz servindo de consolo para um Nietzsche disperso, um Dionísio despedaçado. Por ser um incansável emissário do instinto dionisíaco, amante da alegria dionisíaca da vida, poeta e filósofo irrevogavelmente contundente; encontra-se latente em sua vida e obras ditirambos dramáticos - uma filosofia caracterizada por dar primazia a vontade e ao inconsciente.

                                                              
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        Apontando de imediato as diferenciações morais de valor em seu pensamento, Nietzsche deu início ao chamado “procedimento genealógico” determinado na explicação da dualidade ética pondo em relevo dois tipos psicológicos - nobres e ressentidos -. Por esse motivo compreendemos em sua filosofia uma preocupação pela dissecação dos valores morais tencionando explicações exaustivas e plausíveis denunciando possíveis atitudes e virtudes qualitativas originadas de uma classe nobre, formada em sua totalidade pelos indivíduos de uma possível espécie dominante, e uma classe de escravos onde se encontra atrelada os dominados e dependentes em qualquer sentido. Vale ressaltar, que, poucos filósofos estudaram tão profundamente a conduta humana. Foi um psicólogo extraordinário, revelou para o mundo todo o horror, frieza e beleza existente nos valores morais. Viu na moral nada mais que a personificação da decadência, que segundo o psicólogo Nietzsche, seria sintoma do ressentimento humano, a degenerescência da filosofia. Em fim, formas acusatórias do pensamento e da vida. “Martelo e transmutação”, eis a fórmula de sua filosofia, exuberante e radical, que discorre sobre o “Amor fati”, fórmula para a grandeza do homem. Nessa mesma esteira Nietzsche ainda pode ser visto como um dos mediadores da corrente filosófica dedicada na luta pela afirmação das identidades locais. Trouxe para si a responsabilidade de conservar os verdadeiros valores que floresce da sensibilidade nobre. Anti-revanchistas, Antifílisteus, antialemães, pregava no decorrer de toda sua obra: a inevitável ligação entre destruição, a necessidade do trágico, do poder sem limites e sem piedade suscitados pela vontade de domínio - impulso fundamental que nada tem de causação racional.

        Virtude própria ao gênio enaltecedor da vida, Nietzsche tem sido interpretado de inúmeras e diferentes maneiras; não existe um consenso definitivo por parte de seus intérpretes. Sem nunca ser completamente decifrado, a beleza e rigor das imagens poéticas de sua filosofia esboça um pensamento sempre aberto, ousado e contundente. Um dos primeiros a desenvolver um trabalho de conjunto sobre seu pensamento foi Charles Andler. Este, com determinação lançou entre 1920 e 1931, seis volumes onde traçava as influências que pesou sobre a filosofia de Nietzsche buscando reintroduzi-lo na tradição cultural; dedicou o primeiro dos seis volumes a seus precursores e aqueles que julgou mais lhe haverem impressionado: Goethe, Schiller, Holderlin, Kleist, Fichte, Schopenhauer, Montaigne, Pascal, La Rochefoucauld, Fontenelle, Chamfort, Estendhal, Burckhardt e Emerson. E, com o mesmo entusiasmo, Andler examinou a influência que os moralistas franceses, exerceram sobre Nietzsche, influência constatada antes mesmo de sua estádia como professor na universidade de Basiléia. Com toda competência, Andler também se propôs em traduzir wir philologen, titulo de um ensaio que Nietzsche não chegou a completar, por “Nós, Humanistas”.

      Logo em seguida vieram trabalhos que também contribuíram com resultados significativos para um razoável conhecimento dos seus manuscritos; Karl Jaspers merece ser lembrado por ter escrito em 1936 uma rigorosa pesquisa sobre a vida e obra do autor de aurora e, vinte anos depois, Walter Kalfmann se ateve em uma importante análise da teoria da vontade de potência. Bem antes desses até agora citados, André Gide, nas Lettres á Angéle, defende com competência a obra do mestre. Diz que: para uma plausível compreensão de Nietzsche, acima de tudo é preciso amá-lo, e unicamente o podem amar os cérebros aparelhados. E, prossegue com seus rasgados elogios para o autor de Zaratustra reclamando que não o entenderam os que o consideraram um demolidor, quando ele constrói e constrói sempre, e, quando destrói o faz nobremente, gloriosamente, com a fúria de um jovem conquistador que aniquila as coisas corroídas do passado. E ainda: “é a partir dele que foi possível a criação e que a obra de arte pôde existir”. Com semelhante paixão Daniel Halévy lançou uma biografia do poeta e filósofo, logo depois traduzida para inglês, onde descreve um Nietzsche compassivo, exposto a vulgaridade da sociedade do seu tempo. Heiriche Mann, Paul bourget, Albert Camos, Stefan zweig, Lébrun, Muller-lauter e Peter Sloterdijk entre tantos outros em nossos dias, escreveram competentes ensaios sobre sua obra, divulgando sua espantosa variedade de aspectos. Enfim, dentre tantos pontos de vista, os devidos méritos sejam atribuídos também para as brilhantes perspectivas que ainda reluzem como pesquisa fundamental do seu legado; são as avaliações de Heidegger, Foucault e Gilles Deleuze, esses dois últimos em especial por darem em meados da década de 1980, novas vertentes interpretativas aos leitores do Brasil. Como bem lembra Scarlett Marton3.

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       Lembremos também sua importante contribuição para filosofia contemporânea quando, interioriza a problemática acerca da metafísica ocidental tradicional, que, antes por excelência inclinava-se em manter uma posição exclusivamente transcendental. Claro que, questionamentos acerca da possibilidade metafísica não é característica exclusiva de Nietzsche. São notórias objeções à metafísica na filosofia de Hume e Kant e muitos outros filósofos. Porém, é pela sua radicalização da metafísica que Nietzsche se difere dos demais críticos quando com destreza desconcerta as dicotomias metafísicas. Por esse motivo é visível no contexto de suas considerações uma forte preocupação em manter uma postura desprovida de intenções metafísicas. “O filosofar de Nietzsche exclui, como pergunta relevante para o acontecer efetivo, a pergunta pelo fundamento do ente, no sentido da metafísica tradicional” defende Wolfgang Muller-Lauter em seu importante ensaio a doutrina da vontade de poder em Nietzsche.

        Elegantemente o nobre mestre dionisíaco convida seus leitores para uma leitura compromissada e intensiva de seus escritos, leitores com coragem e sensibilidade para respirar o ar que norteia toda a atmosfera do seu discurso. Poesia e genialidade inclinada para espíritos-livres, estes, com “profundidade”, com “prudência e precaução”, com “segundas intenções”, “portas abertas”, com “dedos e olhos delicados”. E para aqueles desavisados, aventureiros embriagados pelos ditirambos e audazes críticas estas, tragicamente convertidas em “lamentações dionisíacas”, o próprio Nietzsche, em um tom “provocante” que lhe é peculiar alerta: “aprendam a me ler bem”. Ao mesmo tempo em que desafia seus leitores e críticos: “quem, pois, teria a coragem de lançar um olhar no inferno das angústias morais”. Enfim, seus textos são inclinados para leitores audazes e filólogos perfeitos; -“Filólogo” nesse contexto remete especificamente aquele leitor que domina a arte de ler bem, com rigor, precisão e paciência-.

     Seu estilo irreverente, poeticamente ousado devido seu espírito vigoroso, nos presenteia com concepções, ora de modo velado e alusivo, ora límpido por meio de aforismos sem atenuar a complexidade de seus manuscritos. Características estas entre tantas outras que, asseguraram o encanto peculiar que emana da multiplicidade das perspectivas adquiridas mediante reflexões minuciosas de vários pontos de vista da sua obra. Sempre conduzindo suas críticas com ironia e sarcasmo, Nietzsche marcou seu estilo com uma força especial de persuasão aderindo o hábito filosófico de provocar seus desafetos. Das suas tantas provocações, a recusa de instaurar um sistema merece ser lembrada. Afinal, pensar Nietzsche como sistemático é tão absurdo como enclausurar um “abismo” em um frágil recipiente; nada mais avesso à grandeza do seu pensamento do que limitar o encanto dos seus escritos em um campo monolítico - a sensibilidade de sua filosofia não se limita em uma postura estática. Ao contrário, se expande esnobando uma reflexão definitiva. Nietzsche se ateve nessa postura não apenas por querer evitar uma unidade metodológica, mas, principalmente receoso pela dogmática instaurada á margem de um sistema.

        A repercussão do seu pensamento se fez visível não apenas na filosofia, sua influência discorre também na política, na psicanálise, nas artes, na literatura e até mesmo na música. Richard Strauss, por exemplo, escreveu um poema sinfônico a partir de um de seus livros; música esta utilizada por Stanley Kubrick na abertura de 2001, uma odisséia no espaço. Porém, um dos pontos negativos de tanta exposição do seu pensamento foram as apropriações indevidas de sua filosofia. Das diversas apropriações ideológicas que contribuíram para as deturpações, e, falsificações da sua filosofia; lembremos da “monstruosa” e “desqualificada” atitude equivocada da sua irmã Elizabeth Förster Nietzsche, nacionalista alemã fanática que após o grande feito de organizar o Nietzsche-Archiv, em Weimar, Erroneamente apresenta “vontade de potência” para o mundo como síntese do pensamento Nietzschiano; uma “suposta” obra principal de Nietzsche a serviço dos ideais chauvinistas - nazismo. De fato, existiu a intenção pela parte do filósofo de um projeto literário intitulado vontade de potência. Infelizmente o resultado findou sendo uma coletânea póstuma de fragmentos intitulada a partir de um conceito que permaneceu inacabado no pensamento do filósofo por ocasião da crise de Turim. E, por ser esse termo apresentado de forma tão fragmentária, uma nuvem negra de interpretações pairou sobre sua obra; dando margem as mais virulentas interpretações. A esse propósito, comenta Mazzino Montinari: “assim terminam, na vigília do próprio fim de Nietzsche, as vicissitudes do projeto literário da vontade de potência”.  Felizmente, na medida em que traduções e estudos rigorosos a cerca dessa intrigante problemática se estendiam, várias teorias foram se desmoronando devido à falta de argumentos consistentes - no tocante à utilização indevida que fascistas e nazistas fizeram da filosofia de Nietzsche, intelectuais do porte de Jean-wahl, klossowski se encarregaram em desmascarar as gritantes apropriações.

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        Em meio a tantas opiniões, algumas a seu favor e, tantas outras contra, umas incentivando a pensar com ele reconhecendo os limites e a grandeza da sua filosofia, muitas outras advertindo por diferentes perspectivas os custos negativos de sua obra; compreendemos que, de diferentes maneiras não são os poucos que permanecem na mesma questão, realçando o mal estar que ainda hoje lhes provocam os manuscritos do filosofo; investigando até que ponto sua filosofia é contraditória ou não, problematizando um autor conflituoso, tanto em suas obras publicadas como nas póstumas. Mas afinal, tendo como pano de fundo um principio metodológico, como devemos proceder perante sua filosofia?  Como ficou constatado, desde sua crise em Turim, não só sua filosofia, mas, sua biografia e estilo ficaram a mercê das mais diversas interpretações. Ora, ouve momentos que o redator de Zaratustra chegou a ser interpretado como um “anarquista intelectual” - fato este ocorrido na Espanha no início do século; assim como também fora defendido como pensador de direita na França e, logo adiante paradoxalmente sua filosofia serviu como pano de fundo para a extrema esquerda francesa. Todavia, não importa o contexto nem a que custo, o que deveras ficou comprovado foi que a filosofia de Nietzsche não se restringe em nenhum arcabouço político, mesmo que para muitos seu discurso favoreça a todos. Felizmente interpretações alimentadas e amparadas por recortes arbitrários ideologizantes perdem sustento pela superficialidade de seus argumentos.

       Pois bem, sendo seus manuscritos alvo fácil para deturpadores, não seria o caso de desqualificamos uma obra especifica? Ou não estamos autorizados sobre nenhuma hipótese desqualificar (o que seria uma atitude precipitada) uma de suas obras, sem antes analisar a mesma de modo estratégico? Nesse contexto, nada mais justo do que principiamos uma cautelosa locomoção no círculo da sua interpretação, em questionar a ordenação sistemática  da mediocridade editorial das possíveis deturpações grosseiras do seu pensamento, e, principalmente acima de tudo é preciso evitar o contra senso em considerar os aforismos e fragmentos - estes peças fundamentais para os deturpadores- publicados após sua morte desqualificados por serem póstumos. É importante ainda lembrar que houve trabalhos sérios dirigidos com extrema cautela e maestria que foram de suma importância para o resgate do real sentido dos manuscritos de Nietzsche que, devido aos recortes arbitrários se encontrava descaracterizado. Ressaltemos o impecável e ainda em ascensão trabalho de Giorgio Colli e Mazzino Montinari pondo em público a edição crítica das obras completas de Nietzsche.

       Enfim, o que podemos constatar a despeito das divergências de perspectivas acerca da sua doutrina é um espantoso “abismo de suspeitas” entre um Nietzsche idealizado por sua irmã e um outro “resgatado” a partir das traduções minuciosas coordenadas nos arquivos Nietzsche em Weimar; e, foi a sombra desse apático “abismo” que brotaram interpretações de um Nietzsche chauvinista, anarquista, pensador de direita, porta voz de extrema esquerda, anti-semita, dentre tantas e outras intrigantes opiniões. Ora, de outro “abismo” bem mais intimidante, este, tragicamente mais profundo, fonte da angústia dos valores morais, ascende o vigoroso e inquebrantável “espírito dionisíaco” que vagueia solitário, munido com sua energia sem discrepância por salas e corredores dos centros acadêmicos das diversas partes do mundo assombrando a todos em um tom irônico martelando a nós viventes com a seguinte provocação: “vós não sois águias: por isso não conhecestes o gozo no assombro do espírito. Quem não é ave não deve fazer seu ninho sobre abismos”.



                                                                                                               Assim falou Zaratustra 



Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis
é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >
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