segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Escafandro




Hoje minha angústia falou mais alto

Versos tímidos e sem sentido
Criou conforto em seu vasto deserto
Reclamou sem malícia e covardia
Moradia e sossego

Seria delírio ou altivez da minha existência?
Quando a loucura da primavera cantou
Em minh'alma ? 

Agora, um Deus dança dentro de mim
Convalescente perante meu reino
Alto e distante
                           — Em silêncio septuagenário


O que fizemos para aliviar o fardo da vida?        
Poesia? Discórdia? Orações?
Tão pouco tempo, tantas possibilidades 
Tenho fome e sede- por essa razão devo         
Descer as profundidades 


Basta! tudo é pobreza e imundice
Dá-me de comer e devolva minha luz
Eu preciso de vida
Porque hoje um escafandro
Passou por mim e sua beleza
Falou mais alto. 




Claudio Castoriadis 


Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis
é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Harmonia dos contrários (silêncio narcisista)


Lembro de quando eu tinha asas, das longas e cansativas viagens, era no teu mundo onde sempre findava meu frágil corpo. Saúdo-te toda vez, eis minha fúria, doce exílio, mágoa vã. 
 — Que a leveza/Da primavera caia em sua rotina.
Lembro da cor das suas lágrimas, do movimento delicado, das suas palavras, das cores, das folhas, do canto dos pássaros, da varanda, dos sons lúgubres, da atmosfera, da petulância, nossos sonhos, da sua leviana ternura, a luta espiritual é tão estranha — ofusca-me
Com o passar do tempo, nossas virtudes dilaceradas trouxeram á luz nossos vícios. Como posso esquecer-me do tom do seu discurso tão gritante em meus ouvidos? Teu silêncio narcisista ainda ecoa nas ruínas do meu espírito e teu cheiro impregnado das amarras do meu pessimismo. Disfarça minha juventude esmagada pelo tempo.

Sinto tanto sua falta!
Tenho novos segredos e sonhos perfumados em uma alma apática e ressentida; sacrifiquei meus Deus no altar cultuado por seus demônios.

Por onde andaste tristeza minha? Minha lágrima não te comove como outrora? Por que teu cheiro ainda respinga sentido em minha caverna? É possível ser feliz esnobando seu encanto?
A beleza do teu jardim ainda é cativante apesar da morte da minha flor favorita, por que a vida continua e as pessoas? São sempre as mesmas. Sua felicidade destilava tristeza em nosso altar, te desejei; fatiguei-me, fui longe e sufoquei minha vida no mais alto monte, desregramento de orgulho

Tenho novos amigos e velhos fantasmas, não temo mais as vozes que insistem em me visitar todas as noites. Tenho lápis e tristeza, o bastante para uma tragédia.
Em cada página da minha rotina um cigarro barato,
Ah! lamentação que enleia minha escrita 
Ela gritava enquanto queimava, mas compaixão é irrelevante em nosso mundo, a forma como a vida abandonava seu corpo ainda me comove. Pessoas boas geralmente são queimadas na fogueira.
Ontem você me falou coisas profundas, coisas relativas a vida, da nossa vida, breve, infinita, um instante, um momento de felicidade em contraste com o tempo. Por que a vida é assim? Por que as pessoas são dessa forma? Fazia frio, e a tempestade não dava trégua; enquanto você sorria p'ra mim

Crianças envelhecidas, brincavam na varanda desprezando o abismo da minha alma...Tenha um sonho e terás com que exaltar-te e por sorte as gotas de orvalho ainda brilharão sobre o amanhã por milhares de gerações.


                                                                                                                 

Por Claudio Castoriadis

Ilustração by  Delawer Omar 


 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CORRESPONDÊNCIAS: cartas e pequenas resenhas dos grandes pensadores




Strindlberg a Nietzsche


Final de novembro de 1888

Honorável, senhor Nietzsche,

                 Indubitavelmente, o senhor deu à humanidade o livro mais
        Profundo que ela possui e, o que não é pouco, o senhor teve a
        coragem, e talvez o desejo, de cuspir no rosto da gentalha essas
        palavras soberanas. Eu lhe agradeço! Entretanto me parece que,
        de acordo com sua lealdade de espírito, o senhor exagerou um
        Pouco nos elogios ao tipo criminoso. Considere as centenas
        de fotografias que elucidam o criminoso de Lombroso e com-
         cordará comigo que criminoso é um animal vil, degenerado,
        Fraco, que não possui as faculdades necessárias para contornar
         os parágrafos da lei que opõem sólidos obstáculos a sua vontade
         E a sua força. Observe bem a expressão de estúpida moralidade
          dessas fisionomias perfeitamente animalescas, que decepção para
          a moral!

                E o senhor quer então ser traduzido na nossa língua groen-
         landesa! Por que não em francês ou inglês? O senhor pode
         Julgar o estado da nossa intelectualidade pelo fato de que quise-
         ram me internar em um hospício, por causa da minha tragédia,
         e de que um espírito tão rico e sutil quanto o de Brandês possa
         ter sido reduzido ao silêncio por esse bando de “imbecis”

                Coloco no final de todas as cartas que escrevo aos amigos:
          leiam Nietzsche! È meu Cartago est delenda!

                 Em todo caso, sua grandeza diminuirá, a partir do instante
         em que o senhor for reconhecido e compreendido; o feliz popu-
        lacho já começa a tratá-lo com intimidade, como um dos seus. é
        melhor preservar seu retiro e permitir que nós, 10 000 homens
        superiores, façamos uma peregrinação secreta ao seu santuário
        para dele tirar o maio proveito. Permita-nos intacta e pura e não
        divulga-la, a não ser por intermédio de seus devotados discípulos,
        em nome dos quais me subscrevo

                                                                                           August Strindberg



* * *


       
De Nietzsche para Overbeck

                                                                                                 Nice, início de março de 1884

...  Céus! quem pode saber o que carrego sobre mim e de que força precisaria para me supostar! Não saberia dizer como conseguir chegar a isso, exatamente- mas é possível que, pela primeira vez, tenha tido o pensamento que divide ao meio a história da humanidade.
    Esse Zaratustra é apenas prólogo, prêambulo, vestíbulo- precisei tomar coragem, pois, de toda parte, tudo vinha me desencorajar: coragem para carregar esse pensamento!Pois ainda estou longe de poder dizê-lo e representálo, se ele for verdadeiro, ou melhor, se for considerado verdadeiro- então, todas as coisas vão se modificar, vão virar do avesso, e todos os valores que prevaleceram até então serão desvalorizados...


* * *



Che guevara:  Carta de despedida aos filhos.
                                                                                     
                                                                                                                                    La Habana, 1967

      Queria Hildita, aleidita,camilo, célia e Ernesto
      Se alguma vez tiverem que ler esta carta, será porque eu não estarei mais entre vocês. Quase não se lembraram de mim e os mais pequenos não recordarão nada,
      O pai de voçês tem sido um homem que atua e, certamente, leal a suas convicções.
      Cresçam como bons revolucionários. Estudem bastante para poder dominar as técnicas que permitem dominar a natureza.
      Sobretudo, sejam sempre capazes de sentir profundamente, qualquer injustiça praticada contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
Essa é a qualidade mais linda de um revolucionário.
     Até sempre, meus filhos. Espero vê-los ainda.
     Um beijo e um abraço do papai.


* * *



De Nietzsche para Lou Salomé


"...que cartas as suas, Lou! Parecem de colegial vingativa! Que tenho eu a fazer com esta msérias? Compreendame, enfim! Desejo que diante de mim você se sinta engrandeçida e não que diminua mais ainda. Como perdoar-lhe se não encontro em voçê as qualidades pelas quais você mereceria perdão...Como você é pobre em veneração, em gratidão, em delicadeza- e não me refiro a qualidades mais altas ainda.
    jamais me enganei sôbre ninguém: vi em você aquele egoísmo sagrado que nos força a ceder o que de nobre existe em nós. Não compreendo por que malefício você conseguiu transformá-lo em seu contrário: o egoísmo do gato que só ambicionava a vida...Adeus, cara Lou! Não nos veremos nunca mais"



* * *


Em 1933, por ocasião de seus 50 anos, Benito Mussolini recebeu da direção do “Arquivos Nietzsche” o seguinte telegrama:
 "Ao magnífico discípulo de Zaratustra, sonhado por Nietzsche; ao genial restaurador dos valores aristocráticos, no espírito de Nietzsche, envia o” Arquivos- Nietzsche”, em profundíssima veneração e admiração, os mais fervorosos votos de felicidades".


* * *

Monólogo de Fausto

“Que o sol permaneça nas minhas costas
A queda d água, correndo sobre a rocha,
Eu a olho com deleite crescente.
De queda em queda ele rola agora precipitando-se
Jorrando em mais de mil correntezas,
Jogando no ar as espumas
Maravilhoso como desta tempestade brota
O arco colorido que sempre muda, sempre dura
Ora nítido, ora dissolvendo-se no ar
Dissipando frêmitos frescos e perfumados.
Ele reflete o desejo humano
Contemple-o e tu compreenderás melhor:
Das refrações da cor nós tiramos nossa vida.”

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um grande bailarino
Claudio Castoriadis
A vida é uma tragédia para
Aqueles que sentem e uma
Comédia para aqueles que
Pesam”

La bruyére

É impressionante como ainda em nossos dias Nietzsche é o autor que da mais sentido a palavra “personalidade”; um  pensador trágico, como poucos na história da filosofia, seu nome completa o quadro dos grandes gênios que vagaram atormentados pela vulgaridade do seu tempo fazendo de sua arte referência  intelectual para as várias gerações que certamente se confrontaram com suas ideias. A magia de sua arte deriva da mesma época que vagaram outros que vagaram outros tantos gênios, os chamados “Deuses malditos”: Van Gogh, Baudelaire, Rimbaud, Dostoievisk, Nerval, Strinderg entre outros; mártires da beleza que fizeram os fins do século XIX um período sensivelmente demoníaco. Ao incorporar poeticamente a postura trágica por excelência, seu pensamento não apenas encanta como desafia por está sempre suscitando novas interpretações. Desde sua crise de Turim a súbita repercussão da sua obra inflamou ao longo dos anos as mais variadas interpretações: seja reduzido a frases de efeito nos meios acadêmicos; ou até mesmo cultuado no senso comum, alheio a opções doutrinárias e intelectuais. Comovedor e grande com toda sua simpatia e desmensura dionisíaca o mestre do eterno retorno, como assim ficou conhecido, surge para nós imerso em sua incomensurabilidade trágica eivado de uma trama conceitual extremamente poética. Para tanto, vale lembrar que, o ambiente pessoal marcado pela solidão e enfermidade em muito contribui para o envolvimento de sua biografia e estilo numa aura de encantamento e martírio estruturando assim um harmonioso mosaico cujo apelo chega muitas vezes a lembrar a cativante figura de dom Quixote, ridículo, alucinado, angustiado, inquieto e sempre torturado por conflitos pessoais.

Para se compreender e sentir a gigantesca empreitada em que se aventurou o poeta-filósofo lembremos do pensador Empédocres. Este que, buscando o significado da terra em sua plenitude, atirou-se no fundo do Etna. Nietzsche, por sua vez tragicamente seduzido por tal destino, encontrou seu Etna em densos e enigmáticos problemas, aos quais voluntariamente se jogou, em seu alegre e consentido fim. Considerado como último dos filósofos modernos e o primeiro filósofo pós- moderno, Nietzsche derramou sobre a humanidade todo o indizível encanto de suas críticas na forma de breves aforismos estabelecendo um tom deverás “singular” marcando indelevelmente a trajetória da existência-humana-no-mundo. Assentando os pilares do seu pensamento em um discurso precisamente cosmológico, buscou re-traduzir o homem na natureza não em um sentido “qualitativo”, porém num sentido “quantitativo”, homem e natureza, unidade do pensamento e da vida. Por esse motivo encontramos em Nietzsche uma filosofia da natureza.

Assim compreendido, para o leitor não especialista desorientado pelo dilúvio de informações sobre o poeta filósofo, um acesso mais justo, se assim ousamos dizer, para seu pensamento seria considerar sua vida e obra como sendo os dois lados da mesma moeda, uma autobiografia sentimental, um tipo de romance escrito com maestria, estrategicamente feito por “verdades sangrentas”. Mas afinal, no caso de Nietzsche não se trataria necessariamente de uma tragédia? Ora, por mais estranho que possa parecer não é fato que em Nietzsche encontramos paixão, fúria, dor, medo, angústia, poesia e lutas? Ou seja, uma miscelânea de conflitos que evidenciam uma esfera sombria e heróica tipicamente trágica? “Pensar sua vida e obra como um trágico-romance” eis uma instigante proposta.

É evidente que tal iniciativa seria motivo de piada e não encontraria eco nos frios corredores acadêmicos, e certamente passaria despercebida no senso comum. Entretanto, seria oportuno lembrar que não se trata aqui de instaurar uma nova tese acerca da filosofia nietzschiana. Muito menos de explorar algum tipo de romantismo evidenciando especificamente as relações entre gênio, dor e loucura. Pelo contrário, em respeito a rigidez de tal pensamento, o mais sensato seria renunciar de imediato qualquer ambição desse gênero e colocar ensaisticamente uma solução poética para um contato introdutório na atmosfera densa e contundente do solitário filósofo-poeta de Sils Maria. Enfim, seja na forma de romance ou como uma tragédia: o que não podemos deixar passar em branco é a beleza da trama nietzschiana, esta assegurada por sua sensibilidade, própria de um grande espírito que transpirava poesia. Em Nietzsche tudo era poesia, de modo que o perfume do trágico desde sempre apaziguava sua fúria; sua fala, suspiro e apelo depois de cada crise derramavam-se como uma incrível força primordial que outrora estava represada. É fascinante, delirante- como é homérica a glória que para muitos ainda vinga na ferida do seu existir. Como é reconfortante a luz de sua poesia que não perde seu encanto no instante, no declínio do tempo inflamado na ferida do existir. Pérfida? Talvez ditirâmbica de alguém que viveu tão próximo da morte sem jamais deixar de professar a exuberância da vida: Nenhuma dor pode nem poderá me induzir a um falso testemunho contra a vida como a conheço. (Carta a Malwyda Von Meysenbug, 1880).

A nostalgia da Grécia e a paixão pelos heróis trágicos que desde cedo palpitava no coração do jovem Nietzsche despertava não apenas seu sentimento aristocrático, como fazia aflorar seu fascínio pelo combate “nas alturas”. Dito de outra forma: sondar sua vida e obra é aceitar o convite para testemunhar um espetáculo de primeira grandeza: Nietzsche-filósofo contra Sócrates-Platão, Nietzsche-poeta contra o perfume romântico de Shopenhauer, Nietzsche- músico contra a doença de Wagner e um Nietzsche-psicólogo contra a moral judaico-cristã. Seja sobre a máscara de um artista metafísico, sobre a frieza cientifica, ou ainda no consolo das precisas sentenças de Zaratustra, para Nietzsche cada combate era extremamente desgastante afinal, não se tratava simplesmente em duelos com gênios, referência literária ou personalidades históricas, porém, de monstruosos e profundos abismos, e contra estes, sempre cauteloso Nietzsche tomava as devidas precauções: “quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você”. (Além do bem e do mal, aforismo 146).

Intimidante? Ora, é o mínimo que podemos pensar tendo em vista essas considerações. Apaixonante? Mais ainda, visto que, por intermédio dos seus livros e cartas, somos transportados em maravilhosas ambientações, lugares, que funcionavam como pano de fundo dos mais intensos combates do autor de Zaratustra.

Trágico? Certamente, afinal a sociedade de seu tempo não fazia ideia do desgaste físico e psicológico do solitário gênio que nela vivia atormentado e desgastado pelos mais densos combates espirituais. Nem é preciso lembrar que nesse caso a dor torna-se inevitável, porém Nietzsche ainda impressiona por reivindicar da dor seu caráter pedagógico, expressando num tom tipicamente épico sua dor como sinonimo de martírio, triunfo e glória. “Apenas a grande dor, a lenta e prolongada dor, aquela que não tem pressa, na qual somos queimados com madeira verde, por assim dizer, obriga a nós, filósofos, a alcançar nossa profundidade...”

Sombrio? Ora, o aspecto helenístico-trágico durante toda sua vida pesou em sua concepção de mundo; por tal motivo não é de se espantar que a Grécia tenha ensinado para o senhor Nietzsche que onde pairar o instinto dionisíaco, o lado obscuro e tenebroso da vida não pode ser negado.

Irreverente? É o mínimo que podemos pensar de um sábio que, do alto de sua “montanha”, riu de todas as tragédias, de todos os mestres, e visivelmente embriagado por sua sabedoria peculiar, riu de si mesmo. Um grande bailarino que fez da vida uma obra de arte, um risco permanente, e passeando pela infinita corda do devir, sem plateia, nem porto seguro, permanece quieto em seu velho meio-dia.

Enfim, vista de perto a vida de Nietzsche, para retomar um pensamento de La Bruyére, foi uma tragédia pela forma como a sentia e mais ainda, uma comédia frente a desmensura do seu pensamento; solitário e incompreendido, seu desespero sem reservas velava seu pranto abraçando-lhe com suas asas luminosas.  E, assim como o brilho de Apollo ostentava grandeza e divindade, em Nietzsche encontramos intimidante luz: a mesma que banhava os guerreiros homéricos; e da mesma forma que Heitor ficou aterrorizado com a luz que brilhava como sol nascente no corpo de Aquiles, naturalmente muito dos contemporâneos de Nietzsche ainda hoje são tomados por semelhante desconforto.



Referencias bibliográficas

Nietzsche. F. A Gaia Ciência. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
_________,Além do bem e do mal. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Alguma coisa que lembre utopia

A palavra "utopia" vem do grego (como sempre) e significa    "nenhum lugar". Vale lembrar que seu uso popularizou-se ( virou samba?) apartir da obra de Thomas More. Nela o filósofo
descrevia um tipo de sociedade ideal ( onde? onde?). Tão reconfortante estimada teoria onde tudo funcionava perfeitamente.( Nossa, esse carinha é inteligente mesmo). Enfim, o termo agora tornou-se sinônimo de algo desejável, ( sabe aquele papo de amor? não-vivo-sem-voçê... blá,blá.blá). Mas, como tudo nessa vida não é tãooooo original, é preciso destacar que, o More não foi o primeiro nem o único pensador, "desocupado", a projetar uma sociedade linda, maravilhosa, exuberante ( será que nesse lugar não existe fila de banco?) . Então, já no século 4 a.C., o Platão ( outro carinha muito ocupado) escrevia a primeira obra do tipo, a república, uma cidade imaginária governada por Filósofos. Como todo lunático tem essa coisa de encantar com, digamos, uma lúdical facilidade outros lunáticos, podemos lembrar também o saudoso Francis Bacon, outro simpático pensador, que escreve a nova atlântida, obra que retrata Bensalém, uma ilha fictícia onde, graças à bendita ciência; (salve,salve,) predominam a paz e a harmonia. Digamos que essas ideias tem em comum o lugar de destaque, reservado aos filósofos, no governo da cidade ideal. Pois é, e ainda falam que o Nietzsche era louco.

O garoto pássaro

O garoto pássaro está triste,
alguém lhe cortou as asas,
suas feridas sangram toda vez
que ele lembra.

Porém, o que realmente lhe causa
angústia, e um profundo
desespero, é não encontar
culpado/

Não havendo culpado, quem
deverás, merece seu divino
perdão?

Ele se tornou um poço, um
solitário é como um poço
profundo sabia? É  fácil lançar nele
uma pedra, mas se a pedra vai ao
fundo quem se atreverá a tirá-la?

Ele não acredita nas pessoas, mas
precisa que elas acreditem que
suas feridas ainda sangram toda
vez que ele lembra.

Ele chora sempre que olha para
dentro de si mesmo e não encontra
alívio para a tristeza que lhe
atravessa a alma.
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

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